General Honoré Traoré é o novo "homem forte" do Burkina Faso
31 de outubro de 2014Blaise Compaoré que esteve no poder desde 1987 declarou que se retirava da presidência do Burkina Faso devido à amplitude das manifestações que nos últimos dias exigiam o seu abandono do poder.
O anúncio da demissão de Blaise Compaoré foi acolhido com muita alegria e júbilo pelos milhares de manifestantes que esta sexta-feira (31.10) se reuniram, pelo segundo dia consecutivo, no centro de Ouagadougou, a capital do Burkina.Logo após Blaise Compaoré ter deixado o poder o General Honoré Traoré proclamou-se chefe de Estado.
O novo “homem forte” do país justificou a ocupação do poder em nome da preservação das conquistas democráticas, bem como da paz social.
Por outro lado, o general Honoré Traoré anunciou num comunicado que permanecerá no poder, transitóriamente, até à realização de eleições livres e transparentes num prazo máximo de 90 dias.
Segundo várias fontes em Ouagadougou, o general Traoré faz parte dos oficiais de alta patente que “deve práticamente tudo a Blaise Compaoré” e portanto é um homem de Compaoré. “O problema agora é saber se o general Traoré será capaz de conduzir uma transição neste quadro excecional que o Burkina Faso está a viver”, interrogam-se várias pessoas em Ouagadougou.Para os analistas a transição na verdade não será uma tarefa fácil. Mas o “importante é que os termos desta transição não sejam definidos pelo exército, mas sim pelas forças sociais que obrigaram Blaise Compaoré a abandonar o poder” disse à DW África, Gille Yabi, especialista independente da Africa ocidental.
Entretanto, o balanço dos tumultos dos últimos dias permanece por enquanto desconhecido, embora alguns membros da oposição tenham dito aos jornalistas em Ouagadougou que morreram cerca de 30 pessoas e mais de cem ficaram feridas.
O recolher obrigatório, decretado na noite de quarta-feira (29.10), continua em vigor e globalmente respeitado nomeadamente na capital do país, Ouagadougou.
No estrangeiro, a situação no Burkina Faso está a ser seguida, há alguns dias, com muita atenção. Daí que o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, tenha decidido, antes mesmo da demissão de Compaoré, enviar a Ouagadougou um emissário para tentar solucionar a crise.
O representante especial e chefe da representação da ONU para a África Ocidental, Mohamed Ibn Chambas, chegou esta sexta-feira (31.10) ao país.