Burkina Faso reabre fronteiras aéreas
25 de janeiro de 2022As fronteiras aéreas do Burkina Faso, fechadas desde segunda-feira (24.01), por decisão da junta militar que tomou o poder, serão reabertas a partir desta terça-feira (25.01). O anúncio foi feito através de um comunicado da junta militar que tomou o poder do país que foi lido na televisão nacional.
"As fronteiras aéreas estão abertas a partir de 25 de janeiro", diz a declaração, acrescentando, no entanto, que as fronteiras terrestres serão reabertas apenas para veículos "humanitários", os que "transportam bens de primeira necessidade" e "equipamento para as forças de defesa e segurança".
Para além do fecho das fronteiras, o chamado Movimento Patriótico para a Salvaguarda e Restauração, nome da junta liderada pelo tenente-coronel Paul Henri Sandaogo Damiba, impôs um recolher obrigatório, suspendeu a Constituição e dissolveu o Governo e o parlamento. Além disso, disse que iria devolver o Burkina Faso à ordem constitucional, mas não especificou quando.
"Golpes militares são inaceitáveis"
Entretanto, em declarações, esta terça-feira (25.01), sobre a situação no país, o secretário-geral das Nações Unidas disse que os "golpes militares são inaceitáveis" e apelou aos militares na África Ocidental para que "defendam o seu país, não que ataquem os seus governos".
"Peço às forças armadas desses países que assumam o seu papel profissional como exércitos para proteger o país e restaurar as instituições democráticas", disse António Guterres, que falava à imprensa antes de uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre a proteção de civis em conflitos armados.
Questionado sobre as manifestações de apoio ao golpe militar, António Guterres disse que "há sempre celebrações nesse tipo de situações", acrescentando: "É fácil orquestrá-las, mas os valores da democracia não dependem da opinião pública num momento ou outro".
Centenas de manifestantes apoiaram, esta terça-feira (25.01), nas ruas da capital burquinabe, Ouagadougou, a ação dos militares e o derrube de Kaboré. Alguns simpatizantes do Movimento Popular para o Progresso (MPP, o partido de Kaboré) e residentes dizem-se a favor do golpe.
"Pedimos a partida do Presidente Kabore várias vezes, mas ele não nos ouviu. O exército ouviu-nos e compreendeu", disse à AFP, o ativista Lassane Ouedrago.
Cimeira extraordinária
Também em declarações esta terça-feira, a Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) voltou a condenar "firmemente" "o golpe militar" no país e anunciou a realização de uma cimeira extraordinária para avaliar a situação.
Num segundo comunicado sobre a situação no Burkina Faso, a organização rejeita "a renúncia" de Roch Kaboré que alega ter sido "obtida sob ameaça, intimidação e pressão dos militares após dois dias de motim".
A CEDEAO lamenta que os apelos da comunidade internacional "à calma e ao respeito da [reposição da] legalidade constitucional" não tenham contribuído para que os militares golpistas recuassem e classifica o sucedido como "um passo atrás da democracia" no Burkina Faso.
Outras organizações internacionais, nomeadamente a União Europeia e União Africana, bem como os EUA, já sublinharam a sua preocupação com os acontecimentos no Burkina Faso e responsabilizaram as Forças Armadas pela integridade física do Presidente Kaboré.