Governo angolano tem feito o suficiente pela agricultura?
16 de julho de 2024Durante uma visita de dois dias ao Bié, de 10 a 11 de julho, no âmbito da sua presidência aberta, João Lourenço afirmou estar impressionado com a capacidade produtiva da província, destacando a quantidade e qualidade da produção local exposta na feira agrícola.
"Os camponeses dos nove municípios do Bié estão a dar uma grande lição de que, para se ter comida à mesa, é necessário trabalhar o campo", disse.
O chefe de Estado angolano criticou os políticos e intelectuais que pedem medidas concretas para reduzir os preços dos produtos básicos, acusando-os de má intenção.
"A fome e a miséria não se combatem com decretos, mas com trabalho no campo", afirmou.
Falta de incentivos do Governo
No entanto, os agricultores locais reclamam da falta de incentivos do governo para aumentar a produção. As dificuldades incluem a falta de insumos agrícolas, meios de trabalho, acesso a crédito e o mau estado das vias de acesso.
O agricultor Justino Chitati destaca o preço elevado dos fertilizantes como a sua maior preocupação. "O adubo está muito caro. Antes, trabalhávamos com dois ou três sacos de 12/24/12 quilos, mas agora o saco de adubo custa 50 mil kwanzas (cerca de 52 euros), está difícil", desabafa.
Alfredo Alexandre, técnico do Instituto de Desenvolvimento Agrícola do Bié (IDA), reconhece a escassez de fertilizantes na província e os altos preços.
"Temos muitas dificuldades quanto ao preço dos fertilizantes. O IDA vende a um preço pouco acessível, mas as quantidades recebidas são insuficientes", diz.
As promessas do Presidente
O Presidente da República garantiu que a questão dos fertilizantes será resolvida em breve, com a entrada em funcionamento da fábrica de fertilizantes do Soyo, na província do Zaire.
"Estamos esperançados de que, quando entrar em funcionamento, cobrirá as necessidades do país ou, pelo menos, suprirá parcialmente o que temos vindo a importar", declarou.
Os agricultores também reclamam do mau estado das vias de comunicação entre os centros de produção e as áreas de consumo. Dizem que as vias de acesso "não são estáveis, é mais por moto-carros."
João Lourenço também disse que o governo está a trabalhar na melhoria das vias de acesso. "Esse é um trabalho contínuo. Se ainda há queixas, acredito que são legítimas", concluiu.