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Moçambique: Governo troca subsídio mensal por autocarros

Ernesto Saúl (Maputo)
20 de abril de 2017

Medida faz parte da estratégia para combater ineficácia do sistema de transportes do país. Cidadãos moçambicanos afirmam que o sistema está longe de satisfazer as suas necessidades.

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Foto: DW/L. Matias

Longas filas e recurso a viaturas de caixa aberta, conhecidas como "My Love", caracterizam o dia a dia dos habitantes de Maputo e Matola, que sofrem com a ineficácia do sistema de transportes na capital do país.

O problema afeta vários cidadãos que, além de faltarem às suas obrigações profissionais, por sucessivos atrasos, têm de pagar o dobro ou o triplo pelo transporte, comparativamente aos anos anteriores.

"Seria mentira falar de conforto dentro de um chapa. Isso já não existe na cidade de Maputo", diz Renato Nhambole, um dos habitantes da capital moçambicana que se queixa da falta de transportes.

Feliz Armando, transportador semi-coletivo de passageiros na cidade, fala numa "situação caótica". Os passageiros, afirma, passam "muito tempo na paragem", podendo esperar "quatro ou cinco horas" por um chapa. E, segundo Feliz Armando, "são os 'My Love' que socorrem as pessoas".

Mosambik Tarif-Streik in Maputo
"My Love" em MaputoFoto: DW/L. Matias

Autocarros em vez de dinheiro

Para minimizar o problema, o Governo moçambicano rubricou um memorando de entendimento com a Federação Moçambicana dos Transportes Rodoviários (FEMATRO) para a concessão de 300 autocarros este ano.

"É uma combinação de medidas", explica o Ministro dos Transportes e Comunicações, Carlos Mesquita. "É preciso renovar as frotas, olhar o aspeto da manutenção e a gestão do próprio serviço". Ou seja, resume o responsável, fazer "uma reestruturação de todo o processo".

A concessão dos 300 autocarros à Federação é uma nova modalidade de subsídio aos transportes públicos que substitui o abono monetário que, até agora, o Governo entregava mensalmente à FEMATRO.

20.04.17 Transportes em Maputo - MP3-Mono

Depois de receberem os veículos, que serão entregues "com um espaçamento elástico", de acordo com o ministro dos Transportes, as transportadoras terão de devolver ao Governo o valor correspondente num prazo acordado entre as duas partes.

"O importante é termos um acordo de que há reposição ou retorno desta contribuição feita pelo Estado", salienta o ministro Carlos Mesquita.

Federação satisfeita

O presidente da FEMATRO, Castigo Nhamane, diz que a iniciativa vai minimizar a falta de transportes nos principais centros urbanos do país, com destaque para Maputo e Matola, onde a situação é crítica.

"A mudança do subsídio que era pago em valor monetário aos transportadores para a aquisição de meios foi uma proposta feita pela FEMATRO", explica Nhamane. "Vimos que o dinheiro que estava a ser pago aos operadores não trazia resultados visíveis nem para os operadores, nem para os passageiros e muito menos para o Governo, que é o dono do dinheiro".

A manutenção dos autocarros e a facilitação da mobilidade através da criação de faixas específicas para os transportes públicos de passageiros são as medidas complementares para a melhoria do sistema de transportes terrestres em Maputo.