Governo moçambicano apura estragos do ciclone Idai
15 de março de 2019As autoridades moçambicanas estão a apurar os danos causados pelo ciclone Idai, informou à DW África na tarde desta sexta-feira (15.03) o porta-voz do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades de Moçambique (INGC), Paulo Tomás.
"Tivemos um impacto nas províncias de Inhambane, Manica, Tete, Zambézia, e grande impacto na província de Sofala, que foi o ponto de entrada do ciclone. Mas em relação à Sofala, perdemos a comunicação, então não temos, até ao momento, aquilo que foi o verdadeiro impacto. Mas uma equipa que está a se deslocar para a cidade da Beira", avançou o porta-voz em entrevista à DW.
O ciclone Idai, desde a noite de quinta-feira, atinge vários distritos naquelas províncias do país. A cidade da Beira, na província de Sofala, no centro, é um dos locais mais afetados, segundo as informações do INGC.
O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, qualificou como "muito preocupantes" os danos causados pelo Idai. O chefe de Estado, porém, não avançou detalhes sobre mortos ou feridos.
DW África: Qual é a situação nas zonas afetadas pelo ciclone?
Paulo Tomás (PT): Tivemos um impacto nas províncias de Inhambane, Manica, Tete, Zambézia, e grande impacto na província de Sofala, que foi o ponto de entrada do ciclone. Mas em relação à Sofala, perdemos a comunicação, então não temos, até ao momento, aquilo que foi o verdadeiro impacto, mas temos uma equipa que está a se deslocar, saindo do distrito de Caia, que é onde temos uma base logística, para a cidade da Beira. E entramos em contato com o Instituto Nacional de Comunicações de Moçambique, que também está a trabalhar com as operadoras, que estão a fazer um levantamento para restabelecer a comunicação. Temos alguma informação preliminar sobre alguns distritos. Estamos a falar do distrito de Vilankulo, na província de Inhambane, onde houve a destruição de 11 casas e a queda de duas torres, uma da Televisão de Moçambique e outra da Rádio Moçambique. Estamos a falar também da província da Zambézia, no distrito de Chinde, onde houve a destruição parcial de 11 casas, um posto de maternidade e um posto policial. Também no distrito de Pambane, onde houve a destruição de sete casas, sendo cinco parcialmente e duas totalmente. Na província de Manica, houve a destruição de infraestruturas escolares na cidade de Manica e no distrito de Mossurize. Portanto, estes são dados preliminares avançados. É preciso dizer que temos equipas que se deslocaram aos diversos pontos para fazer o apuramento dos danos. Só esta manhã é que houve condições de as equipas irem ao terreno.
DW África: E em termos de número de vítimas, de deslocados, desalojados, já há estimativas?
PT: Como o ciclone foi no final desta quinta-feira (14.03), então hoje é que se está a fazer esta contabilização, [para saber] se é necessário estabelecer centros de acomodação. Mas na província da Zambézia, no distrito de Chire, estão a ser assistidas 1.500 pessoas num centro de acomodação em uma escola, e no distrito de Chinde também vão ser assistidas 500 pessoas em dois centros de acomodação. Para onde não há comunicação via terrestre, vai-se estabelecer uma ponte aérea para o distrito de Chinde. Então, até ao momento são esses os pontos onde temos a contabilização das pessoas que vão ser assistidas. Em relação aos outros pontos, ainda estamos a apurar. Mas para a província de Sofala, o Estado sul-africano está a apoiar. Já estão posicionados, na cidade da Beira, médicos e paramédicos, também alocaram seis ambulâncias e um helicóptero. Contudo, ainda não sabemos o nível de destruição que houve na cidade da Beira, então aguardamos a equipa que se deslocou até lá, para que no seu retorno possa nos dar alguma informação.
DW África: E que outro tipo de ajuda as famílias afetadas estão a receber ou vão receber?
PT: O apoio que está a ser dado é em termos de géneros alimentares e também na componente de abrigo.
DW África: Há previsão de quando o ciclone Idai deverá dissipar-se?
PT: O Instituto Nacional de Meteorologia continua, neste momento, a monitorizar a evolução do sistema, mas a informação que nós temos é que este ciclone está a enfraquecer. Porém, ainda há chuva em alguns pontos do país, em províncias que eu já havia citado. Então, o Instituto de Meteorologia continua a monitorizar, e, portanto, em termos precisos de quando este ciclone vai-se dissipar, ainda não temos a informação concreta.