Governo moçambicano confirma ataque armado em Palma
25 de março de 2021"As forças de defesa e segurança estão a perseguir o movimento do inimigo e trabalham incansavelmente para restabelecer a segurança e a ordem com a maior rapidez", disse o coronel Omar Saranga, porta-voz do Ministério da Defesa moçambicano.
De acordo com a mesma fonte, as comunicações com Palma estão interrompidas, não havendo, até este momento, informação sobre vítimas e danos causados.
Várias fontes disseram na quarta-feira (24.03) à Lusa que a população de Palma estava a abandonar a vila e a refugiar-se na mata, cenário também confirmado pelo Ministério da Defesa.
Apesar da interrupção das redes móveis na vila, diferentes fontes dizem estar a receber indicações da região de Palma de que disparos de armas de fogo continuam durante a manhã de hoje na sede de distrito.
O Ministério da Defesa apela para a população "se manter vigilante e serena enquanto procura espaços seguros", pedindo colaboração com as autoridades, "denunciando os terroristas e homens armados para a sua neutralização".
Retoma de atividades em Afungi
A instabilidade em Palma surge no dia em que o Governo moçambicano e a petrolífera Total anunciaram a retoma gradual das obras do complexo industrial de Afungi, adjacente à vila de Palma, após reforço das condições de segurança.
Em dezembro de 2020, os trabalhos de construção na península foram interrompidos no seguimento de ameaças à segurança nas imediações do projeto, que levaram à desmobilização da mão-de-obra.
A declaração à imprensa de hoje de Omar Saranga mereceu também uma alusão ao projeto de gás liderado pela Total, o maior investimento privado em África, avaliado em cerca de 20 mil milhões de euros.
"As Forças de Defesa e Segurança (FDS) tudo farão para garantir a segurança e o bem-estar das populações contra os atos desumanos perpetrados pelos terroristas ao mesmo tempo que continuam a garantir a proteção dos projetos económicos" e "salvaguardar os direitos humanos", concluiu.
A violência armada em Cabo Delgado, onde se desenvolve o maior investimento multinacional privado de África, para a exploração de gás natural, está a provocar uma crise humanitária que já resultou em quase 700 mil deslocados e mais de duas mil mortes.