Crise leva empresários moçambicanos à falência
18 de maio de 2017Vários comerciantes da província de Nampula dizem que se sentem sufocados pela crise financeira que abala o país. Os empresários acusam o Governo de lhes dever dinheiro pelo fornecimento de produtos e serviços. Caetano Brito trabalha na área da restauração e ainda está à espera de pagamentos referentes a 2014. O restaurante-bar de Caetano Brito fazia refeições para eventos governamentais: "A crise é péssima. Penso que todos nós [empresários e a população em geral] estamos afetados com esta situação da crise."
Caetano Brito teve de fechar o restaurante no centro da cidade de Nampula. O empresário não quis explicar em detalhe o que levou ao encerramento, mas acredita que, se o Governo não pagar o que deve, muitas empresas podem ir a falência: "A solução é trabalharmos mais e o Governo pagar as dívidas. Porque nós sem o Governo e o Governo sem o sector privado, não se faz nada, porque quem é o fazedor da economia do país é o sector privado."
Governo provincial ainda não sabe quando poderá pagar
Recentemente, no V Fórum Empresarial da província de Nampula, o Governo assumiu as dificuldades e prometeu pagar as dívidas. Mas não avançou datas. As autoridades provinciais dizem que estão à espera de verbas do Governo central.
A crise e a falta de ajuda externa ao orçamento do Estado são as razões para os atrasos nos pagamentos - diz Victor Borges, governador da província de Nampula: "Acho que ao longo deste ano, alguma coisa poderá ser feita, mas não sei exatamente quando", disse Borges à DW África.
Victor Borges garante que, neste momento, "o Governo procura uma receita extraordinária. Já tivemos instruções a nível central para arrolar todas as dívidas que existem para que, quando houver disponibilidade, se possa pagar."
O governador provincial frisou ainda que reconhece o contributo do setor empresarial na economia e pede paciência. Ao todo, mais de dois mil homens de negócios estão filiados no Conselho empresarial na província de Nampula.
Os empresários aguardam agora que o Governo cumpra as promessas, diz Caetano Brito.
"O que o governador explicou é a realidade do país. Nós, empresários sem fundos, não podemos fazer mais nada. Temos já as nossas casas [empresas] encerradas e como reabrir?", pergunta Brito.