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Moçambicanas excluídas dos lucros dos recursos naturais

19 de abril de 2022

As moçambicanas também têm direito aos lucros das terras, do gás e de outros recursos em Moçambique, avisa a ativista Graça Machel. Reunidas em Maputo, mulheres dos PALOP pediram também maior representatividade política.

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(Foto de arquivo)Foto: Luca Bruno/AP/picture alliance

As mulheres estão a ser excluídas dos benefícios dos recursos naturais, alerta Graça Machel, antiga primeira-dama de Moçambique e da África do Sul.

A produção de gás natural liquefeito (LNG) deverá arrancar dentro de meses, na bacia do Rovuma. Moçambique tem das maiores reservas de gás do mundo. E Graça Machel lembra que todos devem beneficiar dos recursos naturais e das terras, incluindo as mulheres.

"O acesso aos recursos é um direito, da mesma maneira que as mulheres têm direito ao acesso à educação e à saúde. Mas tenho ouvido os movimentos feministas a falar muito pouco sobre o acesso aos recursos", considerou a ativista moçambicana.

Graça Machel participou, esta segunda e terça-feira (19.04), num encontro em Maputo de movimentos feministas dos países africanos falantes da língua portuguesa. 

Südkorea Schiffstaufe LNG Gasplattform Coral Sul
Produção de LNG deverá começar dentro de seis meses, através da plataforma Coral Sul, ao largo da província nortenha de Cabo Delgado. Na foto: Presidente sul-coreano, Moon Jae-in (esq.), homólogo moçambicano, Filipe Nyusi (dir.) e (ao centro) primeiras-damas Kim Jung-sook e Isaura NyusiFoto: Yonhap/picture alliance

A ativista pediu às organizações que se unam e falem a uma só voz, para serem ouvidas.

"Ao reunirmos aqui e falarmos das mulheres, temos que ter uma consciência clara e profunda de que estamos a falar de milhões de mulheres, não são as centenas ou milhares, que nós podemos identificar através das organizações que estão aqui presentes", defendeu.

Maior participação política

As líderes de organizações de defesa dos interesses das mulheres exigiram a partir da capital moçambicana mais espaço de participação política, económica e social.

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Alice Banze, da organização Womens' Academy For Africa (WAFA), lamentou que muitas mulheres continuem a não ter acesso às esferas de decisão.

"Estes diálogos visam revitalizar o movimento e também defender a igualdade do género e o empoderamento das mulheres e raparigas com o objetivo de advogar em prol da maior representatividade das mulheres nos processos de tomada de decisão", disse Banze.

Representatividade feminina

No novo Governo moçambicano, por exemplo, há 11 homens e 11 mulheres. Mas para a deputada Telmina Pereira, da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), "os desafios prevalecem de elevar ainda mais a representação de mulheres até que alcancemos também no Parlamento a paridade, ou seja, 50% de mulheres e 50% de homens".

Moçambique tem 42,4% de mulheres no Parlamento. Cabo Verde segue pouco atrás, com 38,9%, mas em Angola só há 29,6% de deputadas. A esmagadora maioria dos parlamentares são homens.

O encontro desta segunda e terça-feira em Maputo uniu ativistas de todas as províncias de Moçambique e de países como Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe.

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