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Greve atrapalha processo eleitoral na Guiné-Bissau

6 de fevereiro de 2012

Já são conhecidos quatro candidatos às próximas presidenciais antecipadas na Guiné-Bissau. Em paralelo, a CNE debate-se com falta de fundos para as eleições e os funcionários da justiça estão em greve.

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Numa conferência de imprensa em Bissau, a ASMAGUI explicou porque pressiona o governo com a greveFoto: Creative Commons/Teseum

As candidaturas às eleições presidenciais do próximo dia 18 de março devem ser depositadas no Supremo Tribunal de Justiça até à próxima sexta-feira (09.02), segundo a lei eleitoral bissau-guineense.

Mas este processo está agora em causa porque o setor da justiça, responsável por este procedimento, está em greve de um mês desde esta segunda-feira (06.02). Os funcionários exigem aumento salarial e melhoria das condições de trabalho.

A Associação dos Magistrados guineenses (ASMAGUI) exige ainda que o governo cumpra o acordo assinado no ano passado, que contempla a aprovação de um novo estatuto remuneratório e a afetação de polícias aos tribunais.

Agora não resta ao governo outra saída se não responder positivamente às exigências, caso queira realizar as eleições.

Dinheiro: procura-se

Mas este não é o único problema que o governo tem em mãos. A falta de dinheiro para a realização do escrutínio preocupa Bissau. Até ao próximo dia 20, a Comissão Nacional de Eleições, CNE, precisa de cerca de 4 milhões de euros para prosseguir com os preparativos do escrutínio.

Desejado Lima da Costa, presidente da CNE, explica: "Se não se resolver esse problema vamos inevitavelmente entrar numa ruptuta de tesouraria. Foi isso que discutimos com o primeiro-ministro hoje (06.02) e estamos à procura de uma solução de emergência."

A União Europeia já fez saber que vai disponibilizar 300 mil euros para apoio imediato às eleições. O representante dos "27" em Bissau foi dos poucos a anunciar prontamente o apoio da sua instituição, enquanto a maioria dos embaixadores e chefes de missões se comprometeu a dar uma resposta somente depois de contactos com os seus governos e instituições.

Kumba Ialá
Kumba Ialá pediu apoio a oposição para a sua candidatura nas presidenciaisFoto: picture-alliance/dpa


Kumba Ialá: uma candidatura esperada


Enquanto o governo tenta solucionar esses dois problemas, algumas figuras oficializaram as suas candidaturas, isso até sexta-feira, antes do inicio da greve. Carlos Gomes Júnior, do PAIGC no poder, Serifo Baldé, do partido jovem, Henrique Rosa, empresário e ex-presidente interino do país, e o já esperado Kumba Ialá do PRS, maior força política da oposição.

Kumba Ialá, que tem vivido nos últimos anos no estrangeiro, disse que voltou para se candidatar e ganhar a presidência da República e deixou a seguinte mensagem: "Se quisermos a transparência, então eu não tenho adversário. Ninguém estará em condições de discutir política comigo."

Este candidato, que já foi presidente da Guiné-Bissau, promete entre outras coisas, mudanças: "Queremos transformar o país para criar uma nova geração de políticos, organizar o Estado dentro de um espírito de paz, solidariedade e estabilidade para o interesse de todos os guineeses." O ex-presidente falou ainda em perdoar os erros do passado.

Guinea-Bissau Präsident Malam Bacai Sanha
Malam Bacai Sanhá era considerado o garante do equilibrio político na Guiné-BissauFoto: dapd

E mais promessas


O atual primeiro-ministro da Guiné-Bissau e presidente do PAIGC, Carlos Gomes Júnior, considerou ser "mais um desafio" a escolha do seu nome para candidato às presidenciais, prometendo "mais uma vez dar a vitória" ao partido.

Já o candidato independente Henrique Rosa promete ser um presidente que vai respeitar o funcionamento das instituições do Estado: "Nem preciso fazer promessas, porque se for escolhido serei aquele homem que todos já conhecem, um homem com sentido de Estado e uma noção clara das exigências que isso implica."

Este escrutínio acontecerá na sequência da morte de Malam Bacai Sanhá no passado dia 9 de janeiro, vitíma de doença prolongada. A lei do país prevê a realização de presidenciais 60 dias depois do falecimento do presidente.
 

Autor: Braima Darame (Bissau)/LUSA
Edição: Nádia Issufo/António Rocha