Greves paralisam parcialmente Bissau
29 de outubro de 2013
Há mais de quatro semanas que se observa uma paralisação de 60 dias dos professores das escolas públicas. Entre outras reivindicações, os professores pedem uma melhoria das condições laborais e o pagamento de mais de oito meses de salários em atraso.
Nesta terça-feira (29.10.), todas as escolas privadas fecharam as suas portas em solidariedade com os colegas das escolas públicas.
Lamine Indjai, presidente da Confederação Nacional dos Estudantes da Guiné-Bissau, diz que o gesto é importante, até porque os filhos dos governantes também estudam nessas escolas privadas. O estudante alerta o executivo de transição para o insucesso escolar que possa advir do atraso na abertura das escolas públicas.
"O primeiro período já está quase a ser posto em causa", diz Indjai, que espera para breve uma resposta concreta do governo. "Caso contrário será o pior ano letivo em relação aos dois anos transatos."
Os professores, que em casa elaboram as fichas de avaliação dos exames do ano transato, dizem, por sua vez, que só vão às aulas se os salários em dívida forem pagos, alegando que foram enganados com promessas falsas por diversas vezes.
Greve da função pública
Na segunda-feira, o Sindicato dos Trabalhadores e Técnicos da Administração Pública iniciou uma greve geral de cinco dias. O porta-voz sindical, Isidro Teixeira, explicou que a greve foi convocada devido à ausência de transportes para os funcionários da Administração Pública que moram longe do local de trabalho.
"O salário mínimo, menos de 50 euros, não dá para pagar transportes, nem tão pouco para cobrir os 30 dias do mês. É impossível", afirma. Por isso, os funcionários "ficaram caminhando de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Isso é inaceitável."
Segundo o porta-voz sindical, o governo ainda não se mostrou interessado em resolver as revindicações.
"Não houve sinal nenhum da parte do governo. Razão pela qual tomámos esta iniciativa", diz Isidro Teixeira. "O sindicato tem tolerado muito e chegámos a um ponto em que não podemos suportar a situação. É desagradável, é inaceitável."
A onda de greves tem agitado a sociedade guineense nos últimos meses, num país que se debate com uma crise social e financeira que gera paralisações nos vários serviços públicos e perante aquilo que os sindicatos consideram de inoperância de um governo de transição, que para muitos falhou na gestão da Guiné-Bissau.