Grupo rebelde do Burundi reivindica ataque a aeroporto
19 de setembro de 2021Os ataques, que não reclamaram vítimas nem causaram danos, foram ouvidos do centro da cidade na noite deste sábado (18.09).
"Disparámos vários projécteis contra o aeroporto internacional de Bujumbura", informaram os rebeldes da RED-Tabara durante a noite através da rede social Twitter.
"Houve também troca de tiros de pelo menos uma hora com os militares, numa das posições que protegem o aeroporto", acrescentaram.
Um funcionário do aeroporto, que se recusou a ser nomeado, disse à AFP que ouviu "explosões de projécteis e o disparo de armas automáticas" durante a noite.
"Estávamos realmente assustados, mas não durou muito tempo", disse ele.
Sem maiores danos
"Não há danos, um avião da Kenya Airways aterrou mesmo esta manhã sem qualquer problema", disse o funcionário do aeroporto.
Uma segunda fonte do aeroporto, que também não quis ser identificada, disse que "pelo menos três" bombas de morteiros tinham chegado ao aeroporto, mas causaram poucos danos.
Já uma fonte diplomática, que preferiu permanecer anónima, confirmou o ataque, mas disse que o mesmo não perturbou o tráfego aéreo deste domingo (18.09).
Entretanto, um alto funcionário do exército que também queria manter o anonimato disse que nenhum dos morteiros chegou ao aeroporto.
"Manobra publicitária"
"É uma manobra publicitária da RED-Tabara na véspera da partida de sua excelência, o Presidente, para os Estados Unidos. É para que o mundo inteiro fale sobre eles", disse.
A presidência confirmou a viagem de Ndayishimiye hoje (19.09), mas não mencionou o incidente. Testemunhas disseram à AFP que as patrulhas militares tinham sido reforçadas em áreas próximas do aeroporto.
A RED-Tabara, que tem a sua base traseira no Kivu Sul, na vizinha República Democrática do Congo (RDC), surgiu há 10 anos e é agora o mais ativo dos grupos rebeldes burundianos. É acusada de estar por detrás de muitos ataques ou emboscadas mortíferas em todo o país desde 2015.
Em 2020, reivindicou a responsabilidade por uma série de ataques em que afirmou que mais de 40 pessoas foram mortas entre as forças de segurança e a liga juvenil do partido no poder.
O Governo do Burundi e muitos diplomatas acreditavam na altura que este grupo rebelde, que tem entre 500 e 800 homens, era liderado por um dos mais ferozes opositores do regime burundiano, Alexis Sinduhije, o qual sempre negou.