1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Posição de Angola sobre a Rússia não afeta relação com EUA

Lusa
27 de março de 2022

Quem o diz é o embaixador norte-americano em Luanda, que garante que os dois países vão "continuar a trabalhar juntos". Em entrevista à Lusa, embaixador fala ainda das eleições que se aproximam.

https://p.dw.com/p/49658
UN General Assembly I João Lourenço, Präsident Angolas
Presidente de Angola, João LourençoFoto: Timothy A. Clary/AP/picture alliance

A posição assumida por Angola de não-condenação da invasão russa da Ucrânia não afeta a relação com os Estados Unidos, afirmou o embaixador norte-americano em Luanda, garantindo que os dois países vão "continuar a trabalhar juntos".

Angola, disse Tulinabo S. Mushingi, é uma das quatro parcerias estratégicas dos EUA em África e irá prosseguir dessa forma.

"Para nós, um voto sobre este assunto não afeta a nossa relação, vamos continuar a trabalhar juntos", declarou, em entrevista à Lusa.

Angola absteve-se, no início de março, na votação da Assembleia Geral da ONU que condenou a invasão da Ucrânia pela Federação Russa com 145 países a favor e cinco contra. No total, 35 países abstiveram-se, incluindo 17 africanos.

"Sobre esta questão, todos nós podemos concordar com os factos quanto ao que aconteceu nesta região: um país atacou o outro, um país está a bombardear outro e a destruir o seu modo de vida. São factos. Mas quando chegamos ao momento do voto, cada país tem direito de decidir como votar. O que é claro é que a maioria dos países do mundo votaram a favor desta resolução e só cinco votaram contra, mas não vale a pena passar muito tempo a discutir como votou cada país", sublinhou o diplomata, que chegou a Angola este mês.

"O meu voto vai para a juventude e não para os mais velhos"

Tulinabo S. Mishingi adiantou que o assunto tem sido falado com a contraparte angolana: "nós explicámos a nossa posição e Angola explicou a sua, é isso que fazemos. No que concordamos, vamos avançar; quando não concordamos vamos esperar e continuar a discutir".

Sobre se o facto de as empresas russas que estão a ser alvo de sanções pode abrir mais portas às empresas americanas, considerou que a prioridade é dar a Angola e aos angolanos "escolhas".

O diplomata salientou que as empresas devem atuar de forma transparente e admitiu que as situações de conflito abrem oportunidades, mas também alguns desafios.

No que concerne aos desafios, notou que as empresas norte-americanas se debatem com o fator língua, bem como processos burocráticos complexos que devem ser feitos com mais clareza, nomeadamente quanto aos procedimentos que as empresas devem seguir.

"Mas não nos concentramos muito nos desafios, concentramo-nos nas oportunidades", disse.

Eleições de agosto

Questionado sobre a decisão relativa à presença de observadores internacionais para acompanhar as eleições previstas para agosto de 2022, Tulinabo S. Mushingi afirmou que esta "é uma decisão que pertence ao Governo angolano". "Tudo isso vai ser discutido e no tempo certo saberemos", disse o embaixador, adiantando que têm sido mantidos encontros com várias entidades a este propósito.

Angola | Wahlen | Registrierung
Observadores nas eleições angolanas são uma decisão do Governo, diz embaixador dos EUA em AngolaFoto: António Ambrósio/DW

"Até agora, Angola não decidiu sobre esta questão, vamos esperar", acrescentou o diplomata, sublinhando que "se o país está a falar sobre transparência, esta deverá ser uma das questões em que vai procurar uma solução" e manifestando a disponibilidade dos Estados Unidos para partilhar as suas experiências sobre democracia com Angola.

O embaixador considerou ainda que todas as democracias, jovens ou mais antigas, como a norte-americana, têm os seus próprios problemas, lembrando os acontecimentos de janeiro do ano passado, quando partidário do ex-presidente Donald Trump invadiram o Capitólio, sede do Congresso dos EUA, em Washington.

"As tensões acontecem em muitas democracias, em muitas eleições do mundo, mesmo nos EUA, isso não me preocupa neste momento", realçou o diplomata, que chegou a Angola há três semanas.

Na mesma ocasião, o norte-americano revelou ainda que os Estados Unidos vão enviar para Luanda um oficial do Departamento do Tesouro para apoiar tecnicamente as instituições do país em processos como a fiscalização do orçamento ou a identificação de transações suspeitas.

O oficial irá proporcionar uma "ajuda técnica", trabalhando em conjunto com o Ministério das Finanças, explicou, indicando que o departamento do Tesouro lida também com assuntos relacionados com a transparência fiscal.

Registo eleitoral: "Angola não aprende com os erros"