Guiné-Bissau escolhe novo Presidente
18 de maio de 2014A segunda volta das eleições presidenciais começou, como previsto, às 07:00 de Bissau e terminou às 17:00 (19:00 na Alemanha). Durante a manhã, a votação decorria num ambiente calmo e sem incidentes, segundo o representante das Nações Unidas no país, José Ramos-Horta, em declarações à agência de notícias LUSA.
Porém, a LUSA noticiou durante a tarde que, na região de Bafatá (centro-norte), 15 dirigentes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) terão sido agredidos de madrugada por pessoas não identificadas.
A denúncia foi feita pelo presidente do partido, Domingos Simões Pereira, e segue-se a outras queixas de intimidação divulgadas pelo candidato presidencial apoiado pelo PAIGC, José Mário Vaz.
Antes, o Presidente de transição, Serifo Nhamadjo, pedira aos guineenses para terem um "bom comportamento" nesta segunda volta porque o "mundo está com os olhos postos" na Guiné-Bissau.
Na sexta-feira (16.05), o último dia da campanha para este pleito eleitoral, Nhamadjo apelou "ao civismo da população" e à "responsabilidade dos dois candidatos" – José Mário Vaz, o candidato mais votado na primeira volta, e Nuno Nabiam, apoiado pelo Partido da Renovação Social (PRS), o principal partido da oposição.
De olhos postos no futuro
Segundo o Presidente guineense de transição, "o mundo continua a estar com os olhos postos em nós, por isso devemos mais uma vez acorrer massivamente aos locais de voto para, em liberdade e em consciência, fazermos as nossas escolhas", pediu, numa intervenção que disse encerrar o período de transição (iniciado com o golpe de Estado de abril de 2012). O Presidente lembrou que a escolha que os guineenses fizerem este domingo determinará o futuro de todos nos próximos cinco anos.
Também Joaquim Chissano, antigo Presidente de Moçambique e chefe da missão de observadores eleitorais da União Africana na Guiné-Bissau, disse esperar que a segunda volta presidencial culmine numa "festa de todo o povo guineense".
Chissano também liderou a missão de observadores que acompanhou as legislativas e a primeira volta das presidenciais a 13 de abril.
Por seu turno, John Dramini Mahama, chefe de Estado do Gana e presidente em exercício da Comunidade Económica dos Estados de África Ocidental (CEDEAO), exortou os responsáveis da Guiné-Bissau a fazerem o possível para que a segunda volta das presidenciais decorra de forma pacífica.
Dramini Mahama saudou a forma como decorreu a primeira volta das presidenciais, a 13 de abril, e disse esperar que, após as eleições, "a Guiné-Bissau abra uma nova página da sua história", noticiou a agência Panapress.
Ainda na linha dos apelos da comunidade internacional, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, telefonou na sexta-feira (16.05) aos dois candidatos à Presidência da Guiné- Bissau e pediu-lhes que respeitem os resultados das eleições de domingo. Segundo o porta-voz de Ban Ki-Moon, a ONU acredita que "os dois candidatos vão colocar os interesses do país acima de tudo".
Só CNE publica resultados finais
O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) da Guiné-Bissau, Augusto Mendes, já pediu a todos os intervenientes que sejam rigorosos no cumprimento da lei durante a votação para a segunda volta das eleições presidenciais.
"Só a CNE tem competência para publicar os resultados finais das eleições", sublinhou Augusto Mendes numa comunicação à Nação a menos de 24 horas da escolha do novo Presidente.
Augusto Mendes explicou que o apuramento final dos resultados começa com a contagem em cada assembleia eleitoral, em espaços públicos "à vista de todos" e onde "nada contrário à legislação eleitoral pode ocorrer".
Os resultados aí apurados são transcritos para uma ata que é afixada depois de assinada e autenticada por todos os membros da mesa e pelos delegados dos dois candidatos, acrescentou o presidente da CNE, citado pela agência LUSA.
Mendes diz confiar no desempenho profissional de todos os elementos da CNE e espera dos dois candidatos e apoiantes "a preservação da ordem e o respeito pelo espírito e letra da lei eleitoral".
Esta segunda volta das presidenciais acontece depois das eleições mais concorridas de sempre na Guiné-Bissau. De acordo com os números finais da votação de 13 de abril, as taxas de abstenção foram as mais baixas de sempre, com 11,43% nas legislativas e 10,71% na votação para a Presidência.