Guiné-Bissau: Peritos temem fracasso do novo ano letivo
20 de outubro de 2021Tecnicamente, tudo continua na mesma e não há condições para o início das aulas nas escolas públicas da Guiné-Bissau. Numa visita aos principais liceus da capital guineense, a DW África constatou atrasos, com salas de aulas por organizar, matrículas dos alunos por concluir e nomes por afixar.
Em muitas escolas, caso por exemplo do liceu Dr. Agostinho Neto, ainda se inscreve alunos para as provas extraordinárias relativamente ao ano letivo 2020/2021, que foi encerrado na semana passada pelo Governo.
O professor Miguel Gama lembra que o Governo declarou o encerramento do ano letivo sem ter concluído as atividades do ano letivo passado. "Dou o exemplo prático de que, neste momento, as escolas estão a efetuar as provas do ano letivo transato. Isso implica que não havia condições para o arranque do ano letivo 2021/2022", argumenta Gama.
O presidente da Confederação Nacional das Associações Estudantis da Guiné-Bissau (CONAEGUIB), Bacar Darame, concorda com a constatação de falta de funcionalidade de aulas em vários estabelecimentos do ensino.
Darame exorta o Governo a aproveitar este período "para manter o diálogo com os sindicatos de professores no sentido de evitar novas paralisações. Evitar novas paralisações significa que teremos um ano letivo com sucesso".
Impasse com os professores
Para além da falta de condições técnicas para o início do ano letivo 2021/2022, os professores guineenses estão em greve há dez meses em resposta ao apelo da União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG). Um dos pontos reivindicados é a aplicação do Estatuto da Carreira Docente. Os professores pedem também o pagamento da sua carga horária.
Na abertura do ano letivo, o primeiro-ministro, Nuno Nabiam, pediu uma solução para o impasse: "Apelo a todos os intervenientes [no setor educativo], para, em conjunto, tentarmos encontrar soluções para os nossos problemas".
Mas para o presidente do Sindicato Democrático dos Professores (SINDEPROF), Alfredo Biaguê, este apelo não é sério.
"Há fingimento de negociação [por parte do governo], para aliviar a tensão das pessoas, que possam ser críticas as suas posições, [perante] qualquer problema, tem que se sentar à mesa e procurar solução, não é fingindo", diz Biaguê.