Polícia guineense dispersa manifestação de alunos
27 de maio de 2019Centenas de alunos das escolas pública guineenses foram impedidos pela polícia guineense de dar início nesta segunda-feira (27.05.) a uma série de manifestações pelas ruas da capital guineense, que deveriam decorrer até sexta-feira (31.05.), para exigir o o fim de mais uma greve dos professores.
Os estudantes que se mobilizaram esta manhã ao longo das principais ruas da capital, Bissau, foram surpreendidos e dispersados pela polícia. Uma situação que, o presidente da federação das associações dos estudantes das escolas públicas e privadas, Bacar Mané repudia.
Violação das leis do país
O líder estudantil considerou que na Guiné-Bissau os políticos estão a violar constantemente as leis da República e não deixam aos cidadãos a possibilidade de manifestarem o seu repúdio, mesmo no que concerne a uma manifestação "que até foi comunicada ao Ministério do Interior"."Estamos munidos de todos os documentos que comprovam a nossa manifestação de rua. Esta manhã os nossos colegas estiveram no espaço verde de bairro D`Ajuda, alguns na Chapa de Bissau e outros na mãe de água, mas a polícia usou da força para dispersar as pessoas. Saímos pacificamente desses locais e fomos concentrar num outro sítio, onde registamos a presença de mais de mil pessoas, porque estava tudo bem coordenado. Mesmo ali fomos confrontados, se assim posso dizer, com um batalhão de polícias a carregar em cima de nós. Lamentamos a forma como os agentes da polícia nos abordaram".
Demissão do ministro do Interior?
Perante esta violência policial, Bacar Mané exige a demissão do ministro do Interior, Edmundo Mendes, a quem acusa de irresponsabilidade e responsável pela "carga policial".
"Queremos pedir ao Presidente da República e seus ministros, que tal como tínhamos combinado com ele [ ministro do Interior] uma coisa foi-nos prometida mas a polícia fez precisamente o contrário. Isso demonstra que o ministro do Interior não tem a noção de responsabilidade como governante e pelo facto deve demitir-se das funções ou então que o Presidente da República o demita dentro de 24 horas. Aliás, o Presidente da República tinha dito que durante o seu mandato que ninguém seria espancado e preso, mas o que aconteceu hoje contraria as palavras do Presidente José Mário Vaz".Mesmo assim, Bacar Mané promete não baixar braços para além de garantir que vão ser adotadas novas estratégias de luta para travar esta paralisia das aulas nas escolas da Guiné-Bissau.
Ano letivo em perigo
Os estudantes consideram que a vaga de greves que assola o setor da educação guineense pode levar nulidade do presente ano letivo. Isto numa altura em que, as duas centrais sindicais do país, UNTG (União Nacional dos Trabalhadores da Guiné e a Confederação Geral dos Sindicatos Independentes (CGSI) prometem observar a partir desta terça-feira (28.05.) e durante três dias a quarta vaga de greve no funcionalismo público.
As sucessivas paralisações na administração pública guineense têm afetado sobremaneira, o setor da educação, visto que, os dois sindicatos de professores SINAPROF e SINDEPROF são filiais das centrais sindicais em greve.
Recorde-se que as aulas nas escolas públicas têm decorrido de forma intermitente desde a abertura do ano letivo, em outubro, devido a ondas de greves dos professores que reclamam salários e subsídios em atraso, bem como aplicações de diplomas legais.
Os alunos têm exigido ao Governo, através de manifestações de rua, a anulação do ano letivo ou a retoma das aulas, satisfazendo as exigências dos professores.