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Guiné-Bissau regista alta prevalência de diabetes nos jovens

Iancuba Dansó (Bissau)
1 de março de 2023

Estudo revela que a prevalência da diabetes tipo 2 na Guiné-Bissau é "enorme" e afeta muitos jovens. Os resultados preliminares estão a gerar preocupação entre os guineenses e há apelos para fazer face à situação.

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Foto: Iancuba Dansó/DW

A diabetes preponderante é do tipo 2. Segundo os resultados preliminares de um estudo-diagnóstico sobre a prevalência da doença na Guiné-Bissau, entre as 1.800 pessoas rastreadas em Bissau e no interior do país, entre 12% e 14% já sabiam que tinham diabetes, mas foram detetados entre 5% e 6% de novos casos, além de 7% de pré-diabéticos detetados. 

A bióloga guineense Lilica Sanca, que está no terreno no rastreio das pessoas, diz que há uma prevalência da diabetes sobretudo nos jovens.

"Estamos a ter jovens com estilos de vida muito sedentários e com uma alimentação não adequada. Isso faz com que desenvolvamos mais rapidamente a diabetes e hipertensão. Estamos a ficar cada vez mais gordos e cada vez menos saudáveis", lamenta.

O trabalho está a ser desenvolvido pela Universidade de Coimbra, em colaboração com vários parceiros guineenses, e é financiado pela Fundação Europeia para o Estudo da Diabetes. Ao todo, o estudo prevê o rastreamento de 3.000 pessoas.

Guinea-Bissau | 49 Jahre Unabhängigkeit inmitten einer Krise
Entre 1.800 pessoas rastreadas em Bissau e no interior do país, foram detetados 5% a 6% de novos casos de diabetesFoto: Dansó Iancuba/DW

Má nutrição e falta de medicamentos

Na Guiné-Bissau, grande parte da população pode comer apenas uma refeição por dia, e nela, dizem os resultados preliminares do estudo sobre a prevalência da diabetes, faltam todos os macronutrientes para desinflamar o organismo. 

A coordenadora dos trabalhos de rastreio, Eugénia Carvalho, defende a prevenção da diabetes com a criação de estruturas de base para a educação das crianças, adolescentes e jovens sobre a forma de se livrar da doença. 

"O número de novos casos é preocupante, pois não há medicação. Este é o problema. Ou seja, uma coisa é a pessoa saber que tem diabetes e vai à procura do seu medicamento. Mas aqui há muitas dificuldades em encontrar o medicamento próprio, em particular a insulina não existe na Guiné-Bissau", explica Eugénia Carvalho.

Symbolbild | Diabetes bei Kindern
A coordenadora dos trabalhos de rastreio alerta para a dificuldade em encontrar medicamentos próprios, sobretudo insulinaFoto: CHASSENET/BSIP/picture alliance

Associação de Defesa dos Diabéticos lamenta falta de apoio

Marciano António Indami, enfermeiro da Associação Nacional de Defesa dos Diabéticos, lamenta o pouco apoio que a sua organização tem recebido.

A associação atua na Guiné-Bissau desde 2005 e dispõe de uma clínica para garantir o controlo e seguimento das pessoas com diabetes. Mensalmente, 60 pessoas recém-diagnosticadas com a doença procuram a clínica. 

Apesar da falta de ajuda, Marciano António Indami não desanima: "Não nos impede de tentar trabalhar e dar o máximo daquilo que podemos dar. Por isso mesmo, como é uma clínica, fazemos uma cobrança simbólica aos pacientes, atendendo à situação económica geral."

Segundo o enfermeiro, essas cobranças servem para "manter o funcionamento da clínica" e garantir o pagamento das "despesas da luz elétrica, o arrendamento da casa [onde funciona a sede da associação], a água e a compra dos materiais consumíveis". 

Mas a diabetes também se pode prevenir à mesa, refere a bióloga Lilica Sanca.

É preciso "cuidar-se com a alimentação e alimentar-se de forma saudável. Temos o hábito de pensar que as coisas importadas são as melhores, mas não. Temos alimentos muito saudáveis aqui no país. E também devemos ser muito ativos, praticar de forma ponderada o exercício físico", recomenda.

No início de fevereiro, realizou-se, em Bissau, o primeiro Encontro Nacional da Diabetes, para debater as causas e a forma de fazer face à doença no país. 

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