Bissau: Nabiam pede intervenção da CEDEAO
25 de janeiro de 2020O presidente da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), Nuno Nabiam, pediu esta sexta-feira (24.01) a intervenção da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para que Umaro Sissocó Embaló possa tomar posse com Presidente do país.
"Apelamos à CEDEAO a ter um papel mais interventivo junto das instituições de modo a que o empossamento do Presidente Umaro Sissoco Embaló seja o mais tardar até 19 de fevereiro de 2020", refere, em comunicado, Nuno Nabiam, presidente do partido que está dividido no apoio aos candidatos presidenciais das eleições de 29 de dezembro passado.
Na segunda volta das eleições presidenciais, parte dos dirigentes do partido APU-PDGB apoiaram a candidatura de Domingos Simões Pereira e três dos cinco deputados daquela formação política no parlamento continuam a apoiar a coligação com o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), enquanto outra parte apoiou Umaro Sissoco Embaló, incluindo Nuno Nabiam.
Críticas ao Supremo
Num comunicado de três páginas, Nuno Nabiam criticou também a posição do Supremo Tribunal de Justiça, que também na sexta-feira (24.01) mandou repetir o apuramento nacional da segunda volta das presidenciais, e responsabilizou o candidato Domingos Simões Pereira por "falsas acusações e calunias" contra a Comissão Nacional de Eleições (CNE).
Nuno Nabiam responsabiliza também as "instituições da República, nomeadamente a Assembleia Nacional Popular, Governo e Supremo Tribunal de Justiça pelo clima de instabilidade que estão a criar através de diversos pronunciamentos e posicionamentos que alimentam a saga do candidato derrotado, em não aceitar os resultados que já foram reconhecidos pela comunidade nacional e internacional".
Na quarta-feira (22.01), a CEDEAO felicitou Umaro Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições presidenciais na Guiné-Bissau, e pediu a conclusão do processo para que o Presidente eleito possa ser investido no cargo. "A comissão da CEDEAO endereça as suas felicitações ao senhor Umaro Sissoco Embaló, vencedor do escrutínio", lê-se no comunicado, no qual a organização agradece aos outros candidatos presentes nas eleições pelo seu compromisso com os valores democráticos "tão caros à CEDEAO".
A organização recomenda às instituições implicadas no processo eleitoral para "finalizarem rapidamente o seu trabalho a fim de permitir a investidura do novo Presidente" o que diz ser condição indispensável para a normalização institucional da Guiné-Bissau.
Tomada de posse por definir
O Governo e o Parlamento guineenses afirmaram na quarta-feira (22.01) que não podem preparar a tomada de posse porque decorria um recurso de contencioso eleitoral no Supremo Tribunal de Justiça.
A CNE divulgou a 1 de janeiro os resultados provisórios das eleições presidenciais, sem, segundo o Supremo Tribunal de Justiça, ter terminado o apuramento nacional.
Na sequência de um recurso de contencioso eleitoral, apresentado pelo candidato Domingos Simões Pereira, apoiado pelo Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder), o Supremo Tribunal de Justiça já tinha emitido um acórdão a pedir o cumprimento do artigo 95.º da Lei Eleitoral, tendo mais tarde, numa aclaração, insistindo na necessidade de realizar o apuramento nacional.
A CNE, por seu lado, diz que concluiu o processo com a divulgação dos resultados definitivos, que dão a vitória a Umaro Sissoco Embaló com 53,55% dos votos, atribuindo a Domingos Simões Pereira 46,45%.