Guiné-Bissau: o narcotráfico dissimulado
9 de fevereiro de 2011O conselheiro jurídico do gabinete da ONU para o Combate a Droga e Crime (UNODC), Manuel Pereira, sublinha que desde que a comunidade internacional aumentou os seus efectivos e a UNODC abriu o seu escritório no país as coisas já não passaram a ser feitas tão às claras e de forma tão ostensiva como dantes.
Pereira recorda que a partir de 2008 não houve mais apreensões de droga, mas o conselheiro jurídico da ONU acrescenta que "Isso não significa que ela não exista, significa sim que os criminosos o fazem de uma forma mais cuidada."
Para o responsável da UNODC o tráfico de droga continua a existir devido a uma “grande fragilidade que é a inexistência de meios policiais e judiciais em determinadas regiões do país. Manuel Pereira aponta exemplos esclarecedores da existência de tráfico de drogas: "Toda a gente sabe que nos últímos anos tudo era feito a vista de toda a gente, viam-se sinais extremos de riqueza que eram impossiveis de acontecer num país destes."
Unindo esforços
Pela primeira vez na Guiné-Bissau as várias polícias existentes para combater o tráfico de droga e o crime organizado estão a juntar-se através de uma unidade de combate ao crime transnacional.
Mas sem meios técnicos e financeiros é impossível combater o crime organizado na Guiné-Bissau, mesmo que se criem várias unidades de combate ao fenómeno, defende a Directora Geral da Polícia Judiciária Guineense, Luncinda Barbosa.
Ela diz que a Polícia Judiciária, PJ, tem carências em técnica de investigação, por exemplo, para interceção telefónica e estes são elementos que ajudam a combater o tráfico de droga.
A Guiné-Bissau não é um centro de droga, mas é considerado um país de trânsito onde passam as drogas mais pesadas, segundo ONUDC.
A rota da cocaína, que vem da América Sul para a África Ocidental de barco ou avião, serve-se de ilhas desabitadas ou de zonas continentais isoladas onde pequenos aviões poisam. Depois, a droga é passada para outros aviões, barcos ou camiões que utilizam duas rotas para a fazer chegar à Europa.
Autor: Braima Darame
Revisão: Nádia Issufo/Helena Ferro de Gouveia