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Parlamento adia debate da proposta de OGE para 2022

Iancuba Dansó (Bissau)
8 de dezembro de 2021

Na Guiné-Bissau, foi adiada para quinta-feira (09.12) a discussão e votação da proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2022, alvo de muitas críticas da sociedade. E o silêncio sobre avião suspeito continua.

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Afrika Das Parlament vom Guinea Bissau
Parlamento da Guiné-BissauFoto: DW/B. Darame

 A proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) prevê uma despesa de cerca de 375 milhões de euros, com o défice de cerca de 102 milhões de euros.

O primeiro-ministro guineense, Nuno Nabiam, assumiu esta quarta-feira (08.12), momentos depois de apresentar a proposta aos deputados, que o documento acarreta mais restrições.

"De facto [o OGE de 2022] é muito restritivo em relação ao do ano 2021”, reconheceu o chefe do Executivo, mas acrescentou: "Estamos a fazer uma luta enorme de poder ter um programa com o Fundo Monetário Internacional (FMI), isto é fundamental para a Guiné-Bissau”.

O governante garante ainda que "nesta luta, há que assumir certas responsabilidades, porque o FMI deu-nos um teto e temos que trabalhar com base nesse teto".

Críticas ao orçamento

Guinea-Bissau Premierminister Nuno Gomes Nabiam
Nuno Nabiam, primeiro ministro da Guiné-BissauFoto: Braima Darame/DW

Por estar previsto na proposta do orçamento mais impostos aos cidadãos, numa altura em que há greves e vários problemas sociais por resolver, a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné (UNTG)tinha agendado para esta quarta-feira (08.12), a realização de uma vigília no hotel onde decorreu a sessão parlamentar, para se manifestar contra o OGE, mas a manifestação foi impedida pelas autoridades policiais.

Também o economista Serifo Só é contra a proposta do orçamento apresentada pelo Executivo.

"Este Orçamento [Geral do Estado] é uma reflexão ou 'copie cole' do orçamento [de 2021], mantém-se os subsídios milionários aos titulares dos órgãos de soberania”, critica o economista.

E Serifo Só defende ainda que "a contenção devia começar, normalmente, nas despesas desnecessárias, aqueles subsídios milionários e as viagens são, praticamente, despesas desnecessárias, tendo em conta a própria situação Económica que o país vive".

Caso Airbus: Governo fecha-se em "copas”

Guinea-Bissau | Airbus-340, gestrandet in Bissau
O avião suspeito que está a causar polémica na Guiné-BissauFoto: Privat

Continua por esclarecer a origem e a carga do avião - Airbus 340 retido em Bissau desde outubro. Mas as autoridades de Bissau remeteram-se a um silêncio total.

O primeiro-ministro, Nuno Nabiam, voltou esta quarta-feira (08.12) a não falar sobre o caso.

O analista político Rui Landim observa: "Não tenho memória de que algo do género tenha acontecido em qualquer aeroporto do mundo”. E não tem dúvidas: "Isso confirma-nos que a Guiné-Bissau é um lugar e um paraíso de crime e que todos os crimes transnacionais têm que passar pela Guiné-Bissau".

Sabe-se porém, que poderá chegar à Bissau nos próximos dias, uma equipa de peritos das Nações Unidas, União Africana (UA), Agência Federal de Fiscalização da droga Ilícita dos Estados Unidos da América (DEA) e peritos da fabricante de aviões Airbus, para analisar as circunstâncias em que este aparelho chegou à Bissau e a carga que transportava.

Do pós-eleições ao avião "suspeito": Guiné-Bissau em crise