Guiné-Bissau: Perfis de candidatos com menor visibilidade - Parte 2
15 de março de 2012São nove os candidatos ao cargo mais alto do aparelho de estado guineense. Ao lado de Kumba Ialá, Carlos Gomes Júnior, Henrique Rosa, Serifo Nhamadjo, Afonso Té, Baciro Djá e Luís Nancassa constam ainda os nomes de Vicente Fernandes e Serifo Baldé.
Vicente Fernandes
Vicente Fernandes, ou Vifer, como é conhecido, é o candidato apoiado pela Aliança Democrática (AD), pequeno partido da oposição guineense, do qual é líder. Vifer defende a palavra como a arma fundamental para ajudar o novo Presidente da República a mudar a vida da população, a criar confiança e dar esperança aos guineenses.
Candidato com pouca visibilidade e experiência política, Vicente Fernandes explica que decidiu entrar na vida política por considerar que há uma massa imensa de recursos públicos posta ao serviço de interesses particulares.
Vicente Fernandes afirma-se como candidato em defesa de uma sociedade de inclusão, que saiba conjugar os valores de diversidade e cidadania, contra a discriminação étnica, que, segundo ele, é prática do atual governo.
Longe dos comícios massivos, o candidato a Chefe de Estado tem preferido uma campanha de esclarecimento porta a porta nas pequenas aldeias do interior da Guiné-Bissau. Vifer aponta a corrupção, a incompetência e a negação da justiça como os mais graves problemas do país. E tem sido acusado por falar sempre em português e não em língua crioula.
No lado do eleitorado surgem diversas reações. Um jovem guineense disse à DW que teve a oportunidade de acompanhar o discurso e a campanha de Vicente Fernandes, "uma pessoa de que [gosta] tanto por ter um perfil adequado à candidatura à Presidência da República".
Já um outro eleitor discorda da candidatura de Vicente Fernandes, advogado de formação, considerando que "não obstante ser um grande quadro, um intelectual, creio que é cedo para ele assumir a Presidência da República e é uma pessoa em que ainda não vejo como um recurso enorme em termos de funções no aparelho de estado".
Um outro homem guineense deposita confiança na candidatura do advogado apoiado pela AD, pois "a Guiné-Bissau está a precisar de ter os primeiros magistrados de nação guineense, com condições académicas, sociais para dirigir perfeitamente o país, porque esse é o interesse de qualquer guineense, de momento". E ainda que haja "certos aspectos em que, muitas vezes, parece que os académicos estão a apoiar atos de mediocridade, espero que com Vicente esse não seja o caso", remata o eleitor.
Vicente Fernandes formou-se em Direito em Portugal e é um conhecido empresário no ramo das águas.
Serifo Baldé
É já a segunda vez que Serifo Baldé, de 46 anos, se candidata ao cargo mais alto da política da Guiné-Bissau. Líder do Partido Democrático Socialista de Salvação Guineense, conhecido também como Partido Jovem, o candidato explica que "há muitas coisas que estão a correr mal e [por isso] acho que devia participar na candidatura".
Serifo Baldé defende que os guineenses querem uma profunda mudança, pois "a minha geração precisa mesmo de ser libertada", afirma. E acredita que tem possibilidade de vencer o pleito a 18 de março, com a força da juventude guineense, que se sente cansada.
A par dos restantes candidatos às eleições presidenciais, também Serifo Baldé transmite ao eleitorado "uma mensagem de paz, estabilidade e sossego na Guiné-Bissau", ambiente que considera como "fundamental" neste momento para o país.
A poucos dias do escrutínio, o candidato do Partido Jovem pensa também nos mais velhos, prometendo uma "reforma condigna aos reformados, para que eles não se sintam revoltados nem arrependidos da sua função durante 20, 30, 40 ou 50 anos".
Na opinião de Serifo Baldé, outro instrumento a necessitar de reforma é a Constituição da República guineense, que o político entende estar viciada.
Antigo administrador dos portos da Guiné-Bissau, Serifo Baldé é licenciado em Ciências Políticas pela Universidade Nova de Lisboa e pai de sete filhos.
Autor: Braima Darame (Bissau)
Edição: Glória Sousa / Renate Krieger