Guiné-Bissau: Polícia usa gás para reprimir manifestação
26 de outubro de 2019A polícia da Guiné-Bissau dispersou neste sábado (26.10), com recurso a gás lacrimogéneo, uma tentativa de manifestação em Bissau organizada por vários partidos de oposição e apoiantes de dois candidatos independentes às eleições presidenciais de 24 de novembro. Segundo informou a agência de notícias Lusa, um homem morreu durante a manifestação em Bissau.
Na sequência, a Liga Guineense dos Direitos Humanos condenou o "uso de força desproporcional" pela polícia contra a manifestação de partidos que contestam o Governo. Em comunicado, a Liga exige ao Ministério Público a abertura de um inquérito para apurar em que circunstâncias morreu o cidadão guineense.
A manifestação, proibida pelo Governo, foi organizada pelo Partido da Renovação Social (PRS), Movimento pela Alternância Democrática (MADEM-G15) e Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático Guiné-Bissau (APU-PDGB) para reclamar da forma como estão a ser organizadas as eleições presidenciais.
Pela manhã, milhares de pessoas reuníram-se na Avenida dos Combatentes da Liberdade da Pátria, que liga o centro da cidade de Bissau ao aeroporto. A circulação automóvel ficou interrompida numa das faixas de rodagem, junto à sede do partido PRS.
Ministério do Interior
Num comunicado, o ministério do Interior guineense anunciou a abertura do inquérito sobre a morte ocorrida na manifestação e prometeu responsabilizar os implicados, e garantiu que não vai tolerar atos que ponham em causa a integridade dos cidadãos do país.
Na sexta-feira (25.10), o ministério do Interior explicou numa carta enviada aos organizadores do protesto que esse não era autorizado por o executivo não ter condições de garantir a segurança necessária à manifestação.
"Gostaríamos de comunicar-vos que, lamentavelmente, o ministério do Interior não se encontra em condições de garantir a segurança necessária à vossa manifestação, pelo que objeta a realização da referida manifestação", refere o ministério do Interior na carta enviada aos organizadores do protesto e divulgada à imprensa no final do dia de sexta-feira.
O ministério justificou a sua decisão salientando que a lei prevê que as pessoas ou entidades que pretendem realizar manifestações devem avisar com antecedência mínima de quatro dias úteis e que só recebeu a carta na quinta-feira.
Aparato de segurança
"Isto significa dizer que em vez de quatro dias mínimos de antecedência, o ministério do Interior apenas dispõe de um dia para organizar todo o aparato de segurança para assegurar que a marcha decorra num ambiente ordeiro, tendo em vista a proteção da integridade dos cidadãos e dos seus bens", salienta a carta.
O ministério salienta também que a lei obriga aos organizadores do protesto a indicarem a hora de início da manifestação, que não consta da carta.
O partido PRS e o MADEM-G15, na oposição, e a APU-PDGB, que faz parte da coligação no Governo, anunciaram um protesto par este sábado, para reclamar a forma como estão a ser organizadas as eleições presidenciais guineenses, marcadas para 24 de novembro.
Na sua página da rede social Facebook, a Liga Guineense dos Direitos Humanos também manifestou-se contra a decisão do Governo de proibir o protesto.