Guiné-Bissau prepara-se para funeral do presidente
11 de janeiro de 2012Dois dias depois da morte do Presidente guineense, Malam Bacai Sanhá, o país acordou com serenidade, no segundo dos sete dias de luto nacional, decretado pelo Governo.
As únicas novidades são as bandeiras da República que estão a meia haste nos edifícios públicos, como na presidência, no Parlamento, no Palácio do Governo, nos ministérios e nas repartições estatais.
As rádios estão a passar músicas laudativas evocando a figura de Malam Bacai Sanhá e de outros heróis do país.
Outros presidentes falecidos também na Fortaleza de Amura
Algumas emissoras estão a retransmitir discursos do falecido Presidente guineense, que será sepultado no domingo de manhã na fortaleza d'Amura, em Bissau, revelou Adiatu Nandigna, ministra da Presidência do Conselho de Ministros: "Em princípio o avião que vai transportar a urna sai no dia 14 de Paris e o funeral será realizado no próximo dia 15 na Fortaleza de Amura"
Nandigna, que é a presidente da comissão formada pelo Governo para preparar as exéquias fúnebres do Presidente Malam Bacai Sanhá, disse que a decisão foi tomada ao nível do Conselho de Ministros, que determinou também transferir os restos mortais de todos os antigos presidentes da Guiné-Bissau para o mesmo local.
Adiatu Nandigna prometeu divulgar, até ao final desta quarta-feira (11.01), os nomes dos chefes de Estado e responsáveis estrangeiros que estarão presentes no funeral, enquanto isso, ela garantiu: "Já estão a chegar as confirmações das presenças de algumas entidades estrangeiras para o funeral."
Oposição contesta presidente interino
Enquanto as autoridades aguardam pela chegada do corpo já no próximo sábado, proveniente de Paris, os políticos questionam a legitimidade do presidente interino e projetam desde já eleições antecipadas para eleger o sucessor de Bacai Sanhá
A União Europeia, pela voz do seu delegado em Bissau, fez saber que a sua organização está disponível a apoiar a ralização do escrutínio: "A União Europeia está a discutir com as autoriddaes nacionais de que maniera podemos apoiar o processo eleitoral."
A Constituição da República da Guiné-Bissau estabelece que o presidente da Assembleia Nacional, neste caso Raimundo Pereira, assume interinamente a chefia do Estado em caso da morte do presidente da República, sem que seja necessário qualquer acto para iniciar funções.
O número três do mesmo artigo estabelece que o “novo presidente será eleito no prazo de 60 dias ou seja faltam 57 para as eleições antecipadas.
Raimundo Pereira não merece a confiança dos 15 partidos que compõem o coletivo da oposição democrática, "por fazer parte e ser um dos pivôs da estratégia de silenciamento dos partidos da oposição guineense a ser executada pelo PAIGC do Primeiro ministro Carlos Gomes Júnior", lê-se no comunicado assinado por Ibraima Sori Djaló, presidente interino do Partido da Renovação Social, PRS, de Kumba Ialá.
O coletivo da oposição, que dos 15 partidos apenas conta com dois com representação parlamentar, sublinha ser irreversível a sua posição de rejeição de Raimundo Pereira para o cargo de Presidente interino da Guiné-Bissau.
E avisa ainda que poderá vir a desencadear iniciativas de protesto em todo o território nacional .
Autor. Braima Darame (Bissau)
Edição: Nádia Issufo/António Rocha