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Situação política continua indefinida na Guiné-Bissau

Iancuba Dansó (Bissau) | Lusa
9 de janeiro de 2020

Enquanto o país aguarda a decisão do Supremo sobre a impugnação dos resultados eleitorais, pedida por Domingos Simões Pereira, presidente da CNE desmente acusações de que foi coagido a forjar números das eleições.

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Foto: picture-alliance/Xinhua News Agency

A Guiné-Bissau está em suspenso, à espera da decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre a impugnação dos resultados eleitorais, pedida pelo candidato derrotado nas eleições presidenciais, Domingos Simões Pereira.

Entretanto, esta quinta-feira (09.01), o presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE) negou as acusações da mandatária do candidato do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), que acusou José Pedro Sambú de ter sido coagido por militares a forjar números e a "ignorar a soberania popular, na segunda volta das eleições de 29 de dezembro, para atribuir a vitória parcial ao candidato do Movimento para Alternância Democrática (MADEM-G15), Umaro Sisso Embaló".

Umaro Sissoco Embaló
Resultados eleitorais publicados pela CNE dão vitória a Umaro Sissoco Embaló com 53,55% dos votosFoto: DW/B. Darame

Numa entrevista à agência Lusa, José Pedro Sambú afirma que a acusação, "para além de ser falsa, é desprovida de qualquer fundamento". E acrescenta que o que a mandatária da candidatura de Domingos Simões Pereira pretende "é lançar poeira para confundir tudo e todos”.

"CNE não tem monopólio", diz Sambú

José Pedro Sambú voltou a frisar que o "sistema [da Guiné-Bissau] é tão transparente que não permite esconder nada, aliás, o Presidente da CNE não tem monopólio de tudo, temos uma plenária cuja composição resulta da representação das duas candidaturas e não só".

"É feita a compilação dos dados de todas as mesas das assembleias de voto correspondente às regiões em causa. E a partir do apuramento regional é que a CNE faz a compilação nacional, tendo como base as atas do apuramento regional, fiscalizadas pelo Ministério Público. Portanto, se houver uma tentativa de alteração, as partes envolvidas atentas vão constatar isso", finaliza.

Situação política continua indefinida na Guiné-Bissau

O candidato derrotado na segunda volta das presidenciais, Domingos Simões Pereira, pediu, na semana passada, a impugnação dos resultados eleitorais, alegando fraude no escrutínio.

Questionado sobre a posição do PAIGC, José Pedro Sambú disse que não está a assumir uma "atitude de 'fair play', de saber perder". "Na verdade este secretariado fez as legislativas, correu da melhor forma, ganhou esse partido e ninguém fez confusão, fizemos a primeira volta e correu de igual forma e a segunda volta correu ainda melhor em termos de organização e de repente temos esta reação", afirmou.

Espera-se que o Supremo Tribunal de Justiça se pronuncie sobre o pedido de impugnação até sexta-feira (10.01).

"Desfecho é imprevisível"

À DW África, o jornalista Bacar Camará diz que o desfecho desta luta político-eleitoral é difícil de determinar. "Levanta-se uma questão da fraude, sequestro, e há um conjunto de acusações feitas nos últimos tempos, depois desta segunda volta."

"Compete à instância responsável pronunciar-se sobre, realmente, o que se passou. Mas acho que vai ser muito difícil, porque há muitas acusações pendentes. Falou-se de sequestro do presidente da CNE, que esperamos que seja provado, de adulteração das atas eleitorais... Por isso tudo, estamos perante uma situação bastante difícil e crucial, cujo desfecho é imprevisível", afirma Camará.

De acordo com os resultados provisórios anunciados pela Comissão Nacional de Eleições a 01 de janeiro, Umaro Sissoco Embaló, do MADEM-G15, obteve 53,55% dos votos, contra 46,45% do adversário Domingos Simões Pereira, apoiado pelo PAIGC.

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