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Guiné-Bissau: Presidente do PRS recebe ultimato

Braima Darame (Bissau)
18 de março de 2019

Grupo de altos dirigentes do Partido de Renovação Social (PRS) dá 48 horas ao líder do partido para se demitir e à sua equipa. É o que consta num ultimato, divulgado esta segunda-feira.

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Foto: DW/B. Darame

É um ultimato dado à atual direção do Partido de Renovação Social (PRS), liderada por Alberto Nambeia. O chamado "Movimento de Salvação do PRS e da Memória de Kumba Ialá" dá 48 horas para a direção se demitir, caso contrário serão encetados "mecanismos com vista ao seu afastamento".

Numa carta dirigida nesta segunda-feira (18.03) ao presidente do PRS, o "Movimento de Salvação", liderado pelo ex-presidente do Parlamento guineense e um dos fundadores do partido, Ibraima Sori Djaló, exige a responsabilização da direção do partido pelo "desastroso resultado" nas eleições legislativas de 10 de março.

O PRS tem agora menos 20 deputados do que na legislatura anterior, em que tinha 41 mandatos.

Na carta a que a DW África teve acesso em Bissau, o movimento afirma ter chegado a hora de permitir que os militantes renovem democraticamente a sua confiança em novas pessoas.

A DW tentou contactar a direção do PRS, sem sucesso.

Guinea-Bissau Domingos Simões Pereira, Vorsitzender PAIGC
Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGCFoto: DW/F. Tchumá

Acordo para estabilidade governativa

O ultimato ao PRS acontece no dia em que o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) assegurou a maioria absoluta no Parlamento com a assinatura de um acordo de incidência parlamentar com três dos seis partidos que elegeram deputados: a Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB), a União para a Mudança (UM) e o Partido da Nova Democracia (PND).

Com o acordo, assinado num hotel de Bissau, os quatro partidos formam uma maioria com 54 deputados, num total de 102 deputados no Parlamento. O objetivo, segundo Domingos Simões Pereira, presidente do PAIGC, é conseguir estabilidade governativa, mas também resgatar os "valores da democracia".

"Cumpridas estas formalidades, estarão criadas as condições para dizermos 'acabou a discussão eleitoral'", afirmou. "É tempo de darmos resposta às questões que o povo guineense coloca, [por exemplo] a questão da abertura e funcionamento das escolas. O povo guineense espera respostas em todos os setores da atividade pública, social e económica da Guiné-Bissau."

Guiné-Bissau: Presidente do PRS recebe ultimato

No âmbito do acordo, os quatro partidos políticos comprometem-se a estabelecer "entendimentos e consensos" no Parlamento guineense relativos às "reformas políticas e institucionais necessárias ao normal funcionamento do Estado de Direito democrático, nomeadamente a revisão da Constituição da República, lei-quadro dos partidos políticos, lei eleitoral, bem como das reformas profundas dos setores de defesa e segurança, administração pública e justiça".

O acordo prevê igualmente a formação de um Governo inclusivo que "reflita o presente entendimento entre as partes".

Governação "credível e responsável"

O vice-presidente da APU-PDGB, Mamadu Saliu Lamba, salientou que o seu partido vai assumir a responsabilidade com o povo guineense.

"A Guiné-Bissau está acima de qualquer interesse pessoal. Estamos aqui para apaziguar os ânimos e demonstrar claramente que não há vencedores, nem vencidos. Foi a Guiné-Bissau que venceu", disse o responsável. "Pedimos à comunidade internacional que continue a dar apoio à Guiné-Bissau para a conquista da paz definitiva."

Para Agnelo Regala, presidente da União para a Mudança, a assinatura do acordo garante uma coisa que a Guiné-Bissau precisava: estabilidade governativa, depois das "crises cíclicas que a Guiné-Bissau tem vindo a viver."

Iaia Djaló, líder do Partido da Nova Democracia, diz que o acordo assinado esta segunda-feira vai permitir uma governação "credível e responsável".