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Guiné-Bissau prolonga recenseamento eleitoral

Braima Darame (Bissau) / João Carlos (Lisboa)31 de janeiro de 2014

O recenseamento devia ter terminado esta sexta-feira (31.01), mas as autoridades guineenses decidiram prolongá-lo por mais alguns dias. Não se sabe ao certo se a medida afetará a data das eleições gerais.

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Foto: DW/B. Darame

As autoridades de transição decidiram prolongar o recenseamento eleitoral.

"Ainda não atingimos a nossa previsão [de inscritos]. Por isso, achámos que seria melhor continuar com o recenseamento", disse Batista Té, ministro da Administração Territorial e coordenador do processo eleitoral.

Nas contas do executivo de transição, já estão inscritos 82 por cento dos 810 mil eleitores previstos, mas as autoridades esperam conseguir recensear mais 150 mil. Por isso, querem prosseguir com a operação durante mais alguns dias.

Segundo Batista Té, o novo prazo do recenseamento só será determinado na próxima terça-feira, depois do Presidente de transição guineense, Serifo Nhamadjo, analisar a questão com todos os atores políticos.

Wählerregistrierung in Guinea-Bissau
Guineenses vão ter mais tempo para se recensearemFoto: DW/B. Darame

O ministro deixou em aberto um possível adiamento das eleições gerais, marcadas para 16 de março. "Ainda não podemos dizer se a data será ou não alterada", afirmou.

No entanto, Nhamadjo afirmou esta semana que, mesmo que o recenseamento fosse prolongado, a data das eleições nunca seria adiada.

Uns "não querem recensear-se", outros mal conseguem

Em certas zonas do país, nomeadamente em Bissau, Gabú e Bafatá, cidades da região leste, há indícios que apontam no sentido de que "as pessoas não querem recensear-se".

Batista Té frisou que, só em Bissau, existem 83 kits com equipamento informático para recolher os dados dos eleitores, mas em certas zonas "são poucas as pessoas que aparecem" nas mesas do recenseamento.

Na diáspora, o registo eleitoral também tem ficado aquém das expectativas, devido à existência de poucos kits para processamento dos dados.

Em Portugal, por exemplo, no horizonte dos cerca de 40 mil guineenses radicados no país, incluindo os que têm nacionalidade portuguesa, só cerca de três mil foram registados até esta sexta-feira.

Em Portugal só há um kit

Botschaft Guinea-Bissau Lissabon
Embaixada da Guiné-Bissau em LisboaFoto: DW/João Carlos

Muitos deixaram o registo para a última hora. O fim do recenseamento esteve inicialmente marcado para esta sexta-feira e, nestes últimos dias, as autoridades trabalharam ininterruptamente para registar o máximo de eleitores possíveis. Houve quem pernoitasse na Embaixada em Lisboa. Outros levantaram-se de madrugada para chegarem ao local e se depararem logo com "bastante gente".

Aqui, a reclamação é a mesma desde que começou o registo eleitoral no dia 13 de janeiro. Todos lamentam a demora no atendimento, devido ao único equipamento disponibilizado pela Comissão Nacional Eleitoral para o processamento dos dados.

"É lamentável ter só um kit para recensear milhares de pessoas", afirma Celestino Infanda, presidente da Associação de Estudantes da Guiné-Bissau em Lisboa. Em dezanove dias de recenseamento, o kit percorreu as principais cidades onde vivem as comunidades de imigrantes.

"Processo decorre com normalidade"

Apesar disso, o supervisor, João Manuel Correia, enviado pelo Gabinete Técnico de Apoio às Eleições, diz que não se registou nenhum problema que pudesse pôr em causa o recenseamento. Os partidos políticos que acompanham o ato também falam de normalidade e empenho das equipas incansáveis.

"O processo tem decorrido com normalidade e as pessoas têm participado muito", diz Raul Dias, representante do PRS, Partido da Renovação Social. "Embora com falta de meios, tentamos, com todo o esforço, ajudar os guineenses que querem participar no processo. Porque há vontade, os guineenses querem que haja mudança."

Falta de informação e caso TAP

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Mas, até agora, só três mil guineenses se recensearam em Portugal. A desinformação, aliada ao facto de haver só um kit para todo o país – e não tanto a falta de adesão ou mobilização das pessoas – explicam em grande medida o baixo nível de registo eleitoral, refere Mbala Fernandes, encarregado de negócios da Embaixada da Guiné-Bissau em Lisboa.

"Aqui não há rádios comunitárias, assim como em Bissau, em Cabo Verde, no Senegal", sublinha o responsável guineense. "Com essas condições todas não vamos atingir a meta que desejaríamos, porque a meta era, pelo menos, atingir mais de 80 por cento. Mas isso é quase impossível."

O cancelamento dos voos da TAP entre Lisboa e Bissau é apontado por Mbala Fernandes como uma das razões para o não envio atempado de mais dois equipamentos para Portugal.

Não se sabia ainda da decisão da Comissão Nacional Eleitoral, já era unânime o desejo de ver alargado o prazo do recenseamento, para dar aos guineenses na diáspora a possibilidade de exercerem o seu direito cívico nas eleições gerais de 16 de março.

Se o recenseamento não tivesse sido prolongado, dizem os cidadãos abordados pela DW África, muito mais eleitores ficariam de fora.

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