Bissau: PRS pede a DSP que reconheça decisão do povo
2 de janeiro de 2020Na Guiné-Bissau, um dia depois da divulgação dos resultados provisórios das eleições presidenciais guineenses que deram vitória a Umaro Sissoco Embaló (MADEM-G15), com 53,55% dos votos, as reações continuaram a aparecer. Contrariando a intenção do candidato derrotado, Domingos Simões Pereira (PAIGC), em impugnar os resultados, o Partido da Renovação Social (PRS) convidou-o a reconhecer a decisão do povo nesta terça-feira (02.01).
Apesar da contestação de Domingos Simões Pereira aos resultados das presidenciais divulgados nesta quarta-feira (01.01) pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), a situação continua calma e a vida voltou à normalidade na capital, numa época posterior aos festejos de ano novo.
Porém, Domingos Simões Pereira não desiste da intenção de impugnar os resultados. Segundo várias fontes do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), há uma equipa de juristas a trabalhar para a interposição do recurso junto ao Supremo Tribunal de Justiça, o que deverá acontecer a qualquer momento.
Aceitar resultados
O partido PRS, uma das formações políticas que apoiaram, na segunda volta, a candidatura de Umaro Sissoco Embaló, na voz de um dos seus dirigentes, Mário Fambé, pediu em conferência de imprensa a Domingos Simões Pereira que aceite os resultados eleitorais, pois diz que não há motivos para a contestação.
"Ouvimos o nosso irmão e amigo, Presidente do PAIGC, a dizer que houve fraude. Penso que Domingos não tem razão".
Para o jurista e analista político Luís Peti, ouvido pela DW África, não se deve pôr em causa a normalidade de eventual recurso de Domingos Simões Pereira para contestar os resultados eleitorais.
"É um processo normal. A lei diz que quem não estiver satisfeito com os resultados eleitorais, e se esse tiver argumentos e provas, pode recorrer ao tribunal - a instância competente para apreciar, decidir e dar o veredito final. Por isso, temos que compreender que é um processo normal, e obedece à legalidade".
Mudanças políticas
São esperadas mudanças na política guineense com a eleição de Umaro Sissoco Embaló, como, por exemplo, a eventual demissão do atual governo do PAIGC, com quem os partidos que suportaram a candidatura de Sissoco nunca se deram bem.
Segundo o analista Luís Peti, todos devem envolver-se para garantir a estabilidade política e governativa no país, e todos devem pautar pela estabilidade política e governativa.
O Chefe da Missão da Observação Eleitoral da União Africana para as Eleições Presidenciais na Guiné-Bissau, Joaquim Rafael Branco, disse, esta quinta-feira (02.01), após uma audiência com o Presidente Eleito, registar "a vontade imensa do Sr. Presidente de transformação da situação do país".
A data de posse de Umaro Sissoco Embaló ainda não é conhecida, pois depende da proclamação dos resultados definitivos pela CNE e da decisão do Supremo Tribunal de Justiça sobre o recurso que será interposto pela candidatura de Domingos Simões Pereira.