Falta emprego para os jovens na Guiné-Bissau
25 de junho de 2017A crise política agrava ainda mais a situação económica da Guiné-Bissau. E a juventude é parte da população mais prejudicada. Cerca de 30% dos jovens – quase 600 mil pessoas – estão desempregados, segundo os dados da Organização Internacional do Trabalho, referentes a 2012, citados pelo Governo guineense na proposta de lei da Política Nacional da Juventude.
Esta proposta foi aprovada no início deste ano pelo Governo, em Conselho de Ministros, porém ainda precisa passar pelo Parlamento. Entretanto, devido ao impasse que persiste no país, e à paralisação da Assembleia Nacional, não se sabe quando esta política para a juventude será implementada.
Para o secretário-geral da Rede Nacional das Associações Juvenis guineense, Seco Duarte Nhaga, a aplicação de uma política para a juventude é necessária para combater o desemprego.
"Essa política vai conter as estratégias do Governo para a erradicação do desemprego. Não há um incentivo. Para que haja um desenvolvimento no setor empresarial, no setor do empreendedorismo, há que haver incentivo. O Estado tem que incentivar os particulares nesse sentido. Os jovens têm muitas dificuldades no acesso ao crédito", afirma Nhaga.
Oportunidade
O desemprego também preocupa o jovem Apatche Có. Sem trabalho e dependente dos pais, ele defende uma reforma profunda na administração pública guineense, como forma de dar oportunidade à juventude.
"Enquanto não houver reformas na Guiné-Bissau, é impossível pensar no emprego jovem, porque no nosso sistema as pessoas trabalham até se cansarem e vão buscar o filho para colocar no seu lugar. Com isso, é impossível que haja emprego jovem".
Apatcha Có questiona-se: "Quem não tem um pai que trabalha na função pública, como é que vai trabalhar depois? Não pode. Isso também obriga muitas pessoas a fugirem para as outras áreas, talvez que não tenham domínio".
Outro problema, segundo Uvi Aviqui, estudante de Língua Portuguesa no Instituto Camões de Bissau, é que muitos jovens desempregados tornam-se mais vulneráveis – sobretudo à corrupção:
"Os jovens, porque não têm espaço onde expor aquilo que têm como ferramenta, acabam por criar uma convulsão social e tornam-se facilmente influenciados, muitas vezes pelos nossos políticos, a fim de se tornarem também corruptos no meio social e passam a promover algumas atitudes que não são adequadas, digamos, do ponto de vista social", preocupa-se.
O papel das associações
Neste contexto de crise política e agravamento da crise económica, Nadilé Garcia, secretária-geral da Associação de Jovens de Luanda, bairro periférico de Bissau, diz que o papel das associações juvenis é o de promover o empreendedorismo juvenil no país.
"O papel das organizações juvenis, enquanto grupo que procura a emancipação dos jovens, deve ser concorrer para catalisar projetos sustentáveis que vão promover o empreendedorismo. O empreendedorismo deve ser a corrida neste período por parte das associações juvenis e deve ser a saída perante este grande nível de desemprego".
A DW África tentou, sem sucesso, uma entrevista com o Instituto da Juventude e o Ministro da tutela.