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Guiné-Bissau: Sissoco "poderá ficar encurralado"

Djariatú Baldé
23 de fevereiro de 2024

Na Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embalo está a perder cada vez mais aliados. Os principais partidos têm-se mostrado contra as atuações do Presidente, inclusive o seu MADEM-G15. Analistas apontam situação bastante difícil.

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Analistas apontam divergências internas nos partidos em relação à figura do PresidenteFoto: Phill Magakoe/AFP

Nas últimas semanas, aumentou o fosso entre o Presidente Umaro Sissoco Embaló e as lideranças dos principais partidos que estavam do seu lado. O chefe de Estado parece estar encurralado sem estas alianças, com a comunidade internacional a pressionar para o retorno à normalidade constitucional na Guiné-Bissau e com a sociedade civil do país a exigir o respeito pela vontade popular, expressa nas eleições em junho passado.

Em declarações à DW, o analista político Cestifanio Sanca afirma que a atuação do Presidente da República tem beliscado os interesses desses partidos. Por isso há esta rotura, depois da dissolução do Parlamento em dezembro e do surgimento de fissuras partidárias internas profundas.

"O Presidente da República tem tomado posições que deixam os seus potenciais aliados em situação de dificuldade", avalia Sanca, que acredita que Sissoco "quer controlar todas as instituições".

"Na democracia, não se pode, de facto, ter um comportamento desta natureza, porque coloca em causa o Estado de Direito", considera.

Guinea-Bissau Soziologe Tamilton Teixeira
Tamilton Teixeira: "Sissoco Embaló poderá ficar encurralado, mas dependerá dos partidos que o acompanharam"Foto: Privat

Divergências internas nos partidos

O sociólogo e professor universitário Tamilton Teixeira lembra que, desde o início do mandato de Sissoco Embaló, em fevereiro de 2020, o chefe de Estado fez sempre questão de ter os seus homens dentro destes partidos - por isso há agora essas divergências partidárias internas.

Mas há também quem, dentro dos partidos, queira agora fazer vingar as suas estratégias próprias.

"Portanto", afirma Teixeira, "eu acho que Sissoco Embaló poderá ficar encurralado, mas dependerá de facto da capacidade das figuras dos partidos que o acompanharam até neste preciso momento, com a exceção do PAIGC".

Entretanto, na visão de Sanca, só implementando disciplina partidária poderá haver mudanças: "O MADEM está a ter limitação para aplicar sanções disciplinares aos militantes e o PRS também está nesta situação. Portanto, sem disciplina partidária, de facto não podemos ter uma boa democracia e coesão interna nos partidos".

Guinea Bissau 1. Parlamantssitzung nach Krise
Sissoco dissolveu o Parlamento em dezembro e ainda não há data concreta para novas eleiçõesFoto: DW/B. Darame

Silêncio do PAIGC e PAI-Terra Ranka

Em relação ao silêncio do PAIGC ou da coligação PAI-Terra Ranka, vencedora das últimas eleições legislativas, perante os últimos acontecimentos políticos no país, Cestifanio Sanca acredita que é uma questão de estratégia para evitar conflitos internos como os que estão a acontecer nos outros partidos.

Mas Tamilton Teixeira não vê a atitude dos movimentos políticos como "silêncio", "até porque a crise tomou outras configurações que acabam por exigir aquilo que eles adotaram como estratégia".

"Agora posso dizer que tem faltado com a comunicação em relação aos seus militantes sobre os passos que devem ser dados nesse sentido", diz.

Perante esta rotura com os seus principais aliados, os analistas insistem que a única saída para o Presidente Umaro Sissoco Embaló é reconsiderar a sua decisão quanto à dissolução do Parlamento.

Na última quarta-feira (21.02), Sissoco Embaló prometeu que as eleições acontecerão ainda antes da época das chuvas, em junho. Mas os críticos entendem que não há condições neste momento para realizar eleições legislativas antecipadas.

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