José Mário Vaz: "Vou trabalhar com todos os dirigentes"
21 de março de 2019O Presidente da República da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, acredita que com os resultados das eleições legislativas de 10 de março estão criadas as condições para efetivamente estabilizar a governação do país. O chefe de Estado também garante que as presidenciais vão decorrer ainda este ano, mas ainda não confirma se será candidato.
Já no fim do seu mandato, o Presidente afirmou em exclusivo à DW África, em Bissau, que espera trabalhar, sem qualquer problema, com o futuro primeiro-ministro, Domingos Simões Pereira, presidente do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC).
"Eu estou aqui para trabalhar com os dirigentes dos partidos que mereceram a confiança do povo guineense", afirma Jomav.
Em 2015, após um ano das eleições gerais, José Mário Vaz demitiu Simões Pereira do cargo de primeiro ministro e em 2019, através de um novo sufrágio, o líder do PAIGC volta a merecer a sua confiança.
Ele diz que, "passados cinco anos, ficamos a saber quem é quem, conhecemos melhor os desafios do país e julgo que nós todos, se não tivéssemos feito aquilo que gostaríamos de fazer, agora estamos em melhores condições para trabalhar para o nosso país".
E as presidenciais?
O Presidente garante que depois de empossar o novo Governo irá fixar a data das eleições presidenciais para ainda este ano, conforme estipula a Constituição. "As eleições presidenciais vão ter lugar no ano 2019. Falhámos relativamente às eleições legislativas, que deviam ter lugar em 2018. Mas garanto que presidenciais terão lugar neste ano", diz.
E José Mário Vaz sublinha: "Ainda não fechamos este processo: houve campanha eleitoral, as pessoas já votaram, resultados vforam publicados e vamos entrar numa fase importante. Estamos à espera da primeira reunião na Assembleia Nacional Popular para a confirmação dos mandatos e a partir o PR vai chamar o partido mais votado para indicar o nome do primeiro-ministro e iniciar a governação. Depois atacamos as presidenciais."
Sobre se será candidato à reeleição nas presidenciais previstas para novembro deste ano, José Mário Vaz não abriu o jogo: "O futuro a Deus pertence. Se tiver que entrar na corrida para as presidenciais ou não, esse assunto ainda é cedo. Vamos ter tempo para falar sobre esse assunto, porque eleições não vão ser agora, nem abril, nem maio e acho que não devíamos marcar a data da próxima eleição na época das chuvas."
Pedido de ajuda à Alemanha
No fim do mantado presidencial de Jomav, a Polícia Judiciária fez a maior apreensão de droga da história da Guiné-Bissau. Foram apreendidos cerca de 800 kg de cocaína pura em território nacional.
"Tenho a minha mão limpa. Sem corrupção, sem sangue e sem droga. Acho muito injusto considerarem o meu país com país de narcotráfico. Infelizmente, nós temos coragem, temos força para esse combate, mas temos uma limitação, que é a falta de meios para enfrentar esse desafio.
É aí que eu espero poder ter o apoio da Alemanha na luta e no combate desse flagelo também", assegura o Presidente.
Nesta entrevista exclusiva à DW África, José Mário Vaz manifestou-se satisfeito pelo seu desempenho no Executivo, sublinhando como ganho durante o seu Governo o respeito a direitos consagrados na Constituição, como as liberdades de expressão, de imprensa e de manifestação.
O chefe de Estado também elogiou a si próprio pela forma como acha que soube lidar com as forças armadas para evitar situações de golpe de Estado, permitido que o seu mandato e a legislatura chegassem ao fim, facto que acontecerá pela primeira vez na história da democracia guineense.