Gurué: MDM acusado de favorecer jovens do próprio partido
20 de junho de 2018Em 2011, o Governo de Moçambique deu luz verde aos Governos provinciais para a atribuição de terras aos jovens, de forma a minimizar o problema da falta de casa própria entre os jovens. Agora, o Governo provincial da Zambézia diz que está com dificuldades em atribuir terras aos jovens no Gurué, no extremo norte da província, porque a nova administração liderada pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM) está a dificultar o processo, alegadamente, devido aos beneficiários terem sido do partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
Segundo o diretor provincial da Juventude e Desportos, Beato Dias, o local que foi identificado para atribuição de lotes de terreno aos jovens foi entregue pela edilidade de Gurué a outras pessoas que não constavam na lista dos beneficiários anteriormente indicados pelas autoridades da província da Zambézia.
"O município atual ignorou aquilo que tinha sido planificado como talhões para jovens e começou a atribuir a outras pessoas", disse Beato Dias.
O presidente do Conselho Municipal de Gurué, Orlando Janeiro, mostrou-se indisponível para falar com a DW África sobre o assunto. Remeteu-nos para o chefe de gabinete que, por sua vez, indicou o vereador para a área de Urbanização em Gurué, Cotinho Viriato, que tentámos contactar, sem sucesso.
"Jogo do empurra"
Frederico Eusébio é um dos jovens candidatos aos terrenos para habitação. Conta que, muitas vezes, pediu esclarecimento às autoridades governamentais e nunca teve resposta que o esclarecesse.
"Desde 2014 até então, não temos resposta satisfatória. Quando vamos aos serviços distritais, dizem para irmos às infraestruturas. Nas infraestruturas, dizem para irmos à direção da agricultura. Não sabemos onde esse processo para e até agora, não temos acesso a esses talhões", descreve o jovem.
Horácio, outro jovem residente na cidade de Gurué, pede que as autoridades se entendam e que deem aos jovens os terrenos para habitação, tal como prometido.
"No programa ou agenda de Governo, considerando que o espaço é restrito e não abrange a todos, peço que seja adotado um critério de seleção transparente, de modo a não ferir a sensibilidade da própria juventude, e que não seja a própria juventude a apontar dedo a quem é inocente. Quando o processo é transparente, não se criam conflitos", diz o jovem.
O diretor provincial da Juventude da Zambézia Beato Dias, quer negociar com o Conselho Municipal de Gurué, atualmente sob gestão administrativa do MDM, para recuperar os talhões a atribuir aos jovens.
"Temos que entrar numa negociação, porque este é um plano governamental. Sendo um plano governamental, há uma necessidade do município responder a este plano. Também isto faz plano dos compromissos que o Governo fez com a juventude", afirma.