1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

HIV: Há mais denúncias de contaminação intencional em Angola

27 de julho de 2018

Há diariamente novas denúncias de contaminação propositada com HIV, segundo a Rede Angolana das Organizações de Serviços de SIDA. Organização alerta que é preciso mais investimento público para ações de combate.

https://p.dw.com/p/32C7y
Foto: picture-alliance/dpa/Jagadeesh

Todos os dias, há pelo menos 10 denúncias de pessoas contaminadas de propósito com HIV, de acordo com dados da Rede Angolana das Organizações de Serviços de SIDA (ANASO).

A contaminação dolosa é crime. Em Angola, os autores incorrem em penas de até 24 anos de prisão. Mas muitos casos não são denunciados na Justiça, as vítimas temem represálias dos agressores, e o problema agrava-se.

O coordenador da ANASO, António Coelho, diz que o número de denúncias aumentou, mas que ainda há um longo caminho a percorrer, e pede urgentemente uma mudança de atitude, "no sentido de abandonarem tal prática e se juntarem a nós na sensibilização daqueles que ainda entendem que devem contaminar os demais."

HIV: Há mais denúncias de contaminação intencional em Angola

Punição

Não é a primeira vez que se fala em contaminação dolosa em Angola. Há dez anos que o assunto é debatido com frequência na sociedade, mas, segundo o jurista Agostinho Canando, o Estado tem sido demasiado brando na aplicação da lei.

Canando comenta que a Procuradoria-Geral da República tem de intervir. "Se a onda de contágios continuar, volta e meia, teremos uma Angola toda contaminada porque a PGR nunca faz nada", diz.

No entanto, cientistas referem que não está provado que a criminalização resolve o problema da contaminação dolosa. Dizem, inclusive, que leis "mal concebidas" podem até piorar a situação, porque levam os agressores a esconder-se e não procurar ajuda, segundo um documento publicado durante a conferência internacional sobre a SIDA, que termina esta sexta-feira (27.07) na Holanda.

Na conferência deste ano, o ressurgimento de novos casos da doença em alguns países do mundo foi uma das preocupações. Milhares de ativistas pediram maior acesso a medicamentos antirretrovirais e mais dinheiro para campanhas de sensibilização sobre o HIV.

Welt-Aids-Konferenz in Amsterdam 2018
Conferência internacional sobre a SIDA, em Amesterdão, na HolandaFoto: Imago/R. Wareham

Combate ao vírus requer mais recursos

Segundo a Rede Angolana das Organizações de Serviços de SIDA, nos últimos anos, Angola tem registado em média 25 mil novas contaminações com HIV e 13 mil mortes de pessoas infetadas. As províncias do Kuando Kubango, Cunene, Moxico, Lundas, Kwanza-Norte e Luanda registam o maior número de contágios. As mulheres são as mais afetadas e os kovens entre os 15 e os 24 anos são a faixa etária mais vulnerável.

António Coelho, da rede ANASO, pede ao Governo angolano mais financiamento, para se intensificar a luta contra o HIV/SIDA no país. "A situação da SIDA em Angola continua preocupante e, em alguns casos, alarmante. No atual contexto, a resposta é fraca, sobretudo, por falta de fundos e de compromissos."

O responsável sublinha ainda que é preciso um debate alargado na sociedade sobre estas questões e acabar, de uma vez por todas, com a discriminação de pessoas com HIV.