Incidentes com a LAM deixam moçambicanos inquietos
30 de junho de 2021A Linhas Aéreas de Moçambique (LAM), a única transportadora aérea de passageiros do país, tem assistido a um aumento de críticas e preocupações devido às frequentes anomalias nas suas aeronaves.
Em menos de seis meses registaram-se três incidentes que podiam ter sido fatais, dois deles num único mês. Em fevereiro de 2021, um Boeing 737-700 derrapou e saiu da pista no Aeroporto de Quelimane, na Zambézia, no centro do país. A 9 de Junho, em Pemba, Cabo Delgado, no norte, outra aeronave ficou sem os vidros frontais da cabine em pleno voo e os pilotos viram-se forçados a regressar ao ponto de partida. No mesmo mês, no dia 27, um voo que saiu de Tete em direção a Maputo foi cancelado porque durante a descolagem a aeronave emitiu um aviso de anomalia.
"Começam a ter problemas de manutenção, porque não estão a cumprir com os procedimentos todos", critica o passageiro Sandro de Sousa.
O cliente da LAM nunca presenciou nenhum incidente relacionado com os voos da empresa, mas acredita que os problemas financeiros da companhia podem um dia culminar num desfecho fatal.
"Sendo a companhia de bandeira com problemas financeiros deste tamanho e o Governo não consegue contornar esta crise, torna-se difícil para a vida do cidadão", comenta.
Avarias atrás de avarias
Cassamo Escada, outro passageiro, refere que já ficou em terra muitas vezes por causa dos cancelamentos dos voos da LAM, motivados por avarias. "De facto é um perigo para os passageiros. Já viu o que é viajar num avião que não fornece segurança? O cliente não sabe se vai chegar ao destino ou não", lamenta.
O jornalista do jornal "Evidências", Duarte Sitoe, que por diversas ocasiões reportou sobre os problemas da LAM, classifica a gestão da companhia de bandeira como "selvagem" e acredita que um dia pode custar vidas humanas.
"A empresa funciona agora com aviões alugados e não tem feito manutenção, razão pela qual têm acontecido esses problemas de constantes avarias o que tem atrasado certas viagens", relata o jornalista que adianta que a companhia está em falência técnica.
Liberalizar o mercado?
O economista Elcídio Bachita refere que a privatização da LAM não seria a solução, mas poderia minimizar o problema. Para o docente universitário, o mercado da aviação civil em Moçambique deve ser liberalizado porque neste momento "há um monopólio com um único operador na área de transporte aéreo”.
“Liberalizar o mercado de aviação de modo a tornar este mercado mais competitivo e permitir que os consumidores, os passageiros, consigam ter acesso aos serviços de qualidade e a preços competitivos”, explica. Bachita defende que o Governo intervenha no setor da aviação civil e aceite que a LAM tenham concorrentes.
"Por causa do monopólio, o passageiro não tem outra opção, senão ariscar as suas vidas viajando na LAM. De incidente a incidente, as Linhas Aéreas de Moçambique emitem comunicados negando a falta de manutenção dos seus aviões. A empresa ainda não convocou a imprensa para falar do assunto, senão em comunicados que pedem desculpas aos passageiros pelos inconvenientes causados”, lembra
.