1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Ir à escola é sempre um privilégio

22 de junho de 2012

Os países mais pobres continuam a ser os mais afectados pela falta de ensino e formação. Os analistas deixam o alerta: a educação de qualidade corre o risco de se tornar um privilégio dos mais ricos.

https://p.dw.com/p/15K1x
africa; school; class; native; teaching; pupils; teacher; blackboard; jungle; ghana; west; student; learning; study; pupil; education; third; world© Living Legend - Fotolia.com
Schulklasse in AfrikaFoto: Fotolia/Living Legend

Não são só os países pobres que têm dificuldades em garantir o direito humano à educação. Também nos estados industrializados nem sempre o ensino funciona como devia. Mas os mais afectados pela falta de ensino e formação são os países pobres do mundo, nomeadamente, no continente africano.

Para os analistas, há o perigo do ensino de qualidade ser restringido cada vez mais a uma elite rica, resultando na marginalização de famílias mais pobres. E alertam para a necessidade de criar e manter infraestuturas estatais neste sector.

Claudia Lohnrescheit, do Instituto de Direitos Humanos, chama a atenção para outro factor: "Colocar a ênfase na formação que garanta um emprego não rende justiça aos direitos humanos". E explica: "A educação passa a ser entendida apenas como um instrumento técnico para criar trabalhadores para o mercado de trabalho. Não serve para desenvolver a personalidade e quem não encontra emprego esquece rapidamente o que aprendeu".

Especialistas exigem acção por parte da comunidade internacional

Uma realidade constatada já nos anos 70 do século passado pelo pedagogo brasileiro Paulo Freire numa campanha de ensino e alfabetização. As pessoas que aprenderam a ler e a escrever depressa perderam essas habilitações, quando não as puderam aplicar directamente na melhoria das suas condições de vida. Cabe à comunidade internacional garantir que a educação tenha aplicação prática no dia-a-dia das pessoas.

An underprivileged boy holds a banner during a rally held as part of 'Worlds biggest lesson' organized by Global campaign for education (GCE) in New Delhi, India, Wednesday, April 23, 2008. Hundreds of former child laborers and school children participated in the event organized by GCE across the globe Wednesday in 115 countries including India according to a press release. (ddp images/AP Photo/Manish Swarup)
Em regiões como o Sudoeste e Sul da Ásia e África a sul do Sará, milhões de crianças não vão à escolaFoto: AP

Lohrenscheit exige uma concentração, sobretudo, na melhoria do acesso a formação das populações mais pobres, ou das que vivem em zonas de crise e guerra, afirmando que "o nível de oportunidades de educação e formação dos mais fracos indica concretamente do grau de progresso e civilização de uma sociedade".

Mas nas regiões mais pobres do mundo, o acesso à educação é muitas vezes restrito. Considerações que à primeira vista aparecem como secundárias podem ser cruciais. Por exemplo, a organização das Nações Unidas para a educação, UNESCO, contatou que em escolas onde só há uma casa de banho para os dois sexos, muitas vezes as meninas preferem não frequentar as aulas, a ferir conceitos culturais ou higiénicos da sociedade em que se inserem.

Aliás, diz a perita em direitos humanos Clauda Lohenscheit, são as raparigas que mais sofrem: "Em todo o mundo são sobretudo as meninas e e as jovens mulheres que são excluídas do ensino. As suas taxas de alfabetização são inferiores às dos homens". De acordo com a responsável, a situação piora quando as jovens estão grávidas: "Em vez de fazer um esforço suplementar para lhes dar o ensino necessário, elas são muitas vezes excluídas das aulas".

Garantir igualdade de acesso a uma educação de qualidade

164 estados reunidos em Dakar, no Senegal, em 2000, acordaram alguns objectivos primordiais no contexto do ensino. Entre outros, o acesso a aulas de todas as crianças do mundo até 2015. Ainda hoje, 70 milhões de crianças não vão à escola. Os maiores problemas verificam-se no Sudoeste e no Sul da Ásia e na África a sul do Sará. A UNESCO considera que o aumento da qualidade do ensino deve ser outra das prioridades globais.

UNESCO United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization Logo Umweltdossier
Fomentar a qualidade do ensino é prioridade da UNESCO

Neste momento, faltam dois milhões de professores qualificados em todo o mundo. As turmas são, geralmente, demasiado grandes e também há que melhorar e aumentar os instrumentos de trabalho dos alunos, como livros e lápis. A UNESCO apela aos países doadores para que cumpram as suas promessas de ajuda financeira.


Autora: Ulrike Mast-Kirschning / Cristina Krippahl
Edição: Maria João Pinto / António Rocha

22.05 ensino e formação - MP3-Mono