Israel continua sob ataque, com o Hezbollah a intervir
8 de outubro de 2023Pelo menos uma centena de pessoas foi sequestrada pelas milícias palestinianas na sequência do ataque do grupo islâmico Hamas a Israel, confirmou este domingo à tarde (08.10) Governo israelita. "Os números continuam a aumentar, amplificando assim a nossa tristeza. As nossas orações estão com todas as famílias daqueles que foram sequestrados, assassinados e feridos pelo Hamas", refere um comunicado publicado pelo Governo israelita na sua página de Facebook. Nessa nota de imprensa, citada pela agência Europa Press, o executivo de Israel dá conta que desde o início desta ofensiva já morreram mais de 600 pessoas e duas mil ficaram feridas.
Do lado palestiniano, o número de mortos devido aos bombardeamentos israelitas em Gaza subiu para 370, de acordo com o último relatório do Ministério da Saúde palestiniano, que estima em 2.200 o número de feridos. O exército israelita assegura no entanto ter matado 400 "terroristas" na Faixa de Gaza e centenas de outros milicianos palestinianos que se infiltraram em território israelita para realizar os ataques.
A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que mais de 20 mil palestinianos estejam atualmente refugiados em 44 escolas na Faixa de Gaza, para se protegerem do contra-ataque das forças israelitas. Segundo a agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA, na sigla em inglês), "há pelo menos 20.363 pessoas deslocadas que procuraram refúgio" em todas as zonas da Faixa de Gaza, "exceto Khan Younis". Das 44 escolas existentes, "28 são consideradas abrigos de emergência e 16 não são", precisa a organização, na sua página oficial.
Cidades evacuadas
Um porta-voz militar israelita revelou que as tropas continuam a deparar-se com milicianos palestinianos que se infiltraram em várias comunidades israelitas perto da fronteira de Gaza, enquanto 24 outras cidades da zona já começaram a ser evacuadas e os seus habitantes transferidos para outras zonas mais seguras do país.
As sirenes de ataque aéreo têm soado praticamente sem parar na zona devido aos disparos de foguetes a partir de Gaza, de onde as milícias dispararam 3.255 rockets desde o início da ofensiva, no sábado (07.10) de manhã, segundo as últimas estimativas do exército israelita, que continua a bombardear alvos na Faixa de Gaza.
Israel pediu ao Egito, principal mediador entre os palestinianos e o Estado judeu, ajuda nas negociações para a libertação dos israelitas raptados, como uma das condições para pôr fim ao conflito, disseram hoje à EFE fontes de segurança.
O Egito está em contacto desde ontem com as partes israelita e palestiniana, bem como com os mediadores em Washington, Amã, Abu Dhabi e Riade, para parar a atual escalada, regressar à mesa de negociações e ouvir as condições de ambas as partes, segundo as fontes ouvidas pela agência Efe, que pediram anonimato.
As principais condições são "parar os ataques palestinianos e entregar todos os israelitas sequestrados e os corpos dos israelitas detidos pelo Hamas", segundo as fontes, que confirmam as informações relatadas pelo Wall Street Journal.
Observaram também que o grupo xiita libanês Hezbollah informou o Egito que iria lançar um ataque contra o território israelita, o que aconteceu esta manhã. O partido-milícia libanês disparou dezenas de foguetes e obuses contra três posições israelitas numa área disputada ao longo da fronteira do país com os Montes Golã, ocupados por Israel na Síria. O Hezbollah declarou em comunicado que o ataque aconteceu em solidariedade com a "resistência palestiniana".
Entretanto, também este domingo, um agente da polícia egípcia abriu fogo contra turistas na cidade de Alexandria, matando pelo menos dois israelitas e um cidadão egípcio, segundo o Ministério do Interior do Egito. O canal de televisão Extra News, que tem contactos próximos com agências de segurança egípcias, cita um oficial de segurança não identificado que avança que outra pessoa ficou ferida no ataque, que ocorreu na zona do Pilar de Pompeu, em Alexandria. Segundo esta fonte, o suposto agressor foi detido e está a ser interrogado pelas autoridades.
Estado de guerra ativado oficialmente
O Conselho de Segurança israelita, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, ativou oficialmente o estado de guerra no país, que permite ao Exército realizar "atividades militares significativas" no âmbito da guerra com o Hamas, informaram meios de comunicação social.
Apesar de Netanyahu já ter declarado que o país estava em guerra, assim que começou a ofensiva do Hamas, esta decisão oficial é necessária, segundo a Lei Básica de Israel. A decisão foi finalmente adotada numa reunião entre o primeiro-ministro e os líderes da segurança israelita, composta, entre outros, pelo ministro da Defesa, Yoav Gallant, e pelo Chefe do Estado-Maior General, General Herzi Halevi.
Apoio internacional
A primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, garantiu este domingo ao primeiro-ministro de Israel que o seu Governo "trabalhará com os parceiros internacionais para coordenar o apoio" ao país. Meloni conversou por telefone com Netanyahu, e reiterou "a total solidariedade do Executivo italiano pelos ataques sofridos e a sua proximidade com as famílias das vítimas, os reféns e os feridos", informou o governo italiano em comunicado. "O governo trabalhará com parceiros internacionais para coordenar o apoio. A Itália está ao lado do povo israelita neste momento difícil", concluiu a declaração.
O gabinete do primeiro-ministro israelita anunciou que Benjamin Netanyahu recebeu ainda o apoio incondicional do Presidente ucraniano e dos chefes de Governo alemão e britânico, para que Israel se defenda. A agência Europa Press refere que Netanyahu falou este domingo com Olaf Scholz (Alemanha), Rishi Sunak (Reino Unido), Giorgia Meloni (Itália) e com Volodimir Zelensky (Ucrânia), que expressaram "apoio sem reservas" a que Israel se defenda.
O gabinete de Netanyahu divulgou estas novas comunicações com líderes internacionais, que se seguem aos contactos de Netanyahu, no sábado (07-10), com o Presidente norte-americano, Joe Biden, o Presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, que também transmitiram o seu apoio a Israel.
Ataque terá escapado à inteligência israelita
O grupo extremista Hamas lançou no sábado um ataque contra o território israelita, sob o nome de operação "Tempestade al-Aqsa", com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados por terra, mar e ar.
A inteligência israelita, considerada uma das mais atentas e eficazes do mundo, não terá sido capaz de identificar o risco.
Em resposta ao ataque surpresa, Israel bombardeou a partir do ar várias instalações do Hamas na Faixa de Gaza, numa operação que baptizou como "Espadas de Ferro".