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ConflitosIsrael

Israel: ONG suspende operações após ataque em Gaza

DW (Deutsche Welle) | com agências
2 de abril de 2024

Sete trabalhadores de ajuda humanitária foram mortos em aparente ataque israelita. Tropas de Israel retiraram-se do Hospital Al-Shifa. Conselho de Segurança debate ataque a consulado iraniano em Damasco.

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Sete trabalhadores de ajuda humanitária foram mortos no ataque
Sete trabalhadores de ajuda humanitária foram mortos no ataqueFoto: Ahmed Zakot/REUTERS

A organização não-governamental (ONG) World Central Kitchen anunciou hoje a suspensão das atividades na Faixa de Gaza, após a morte de sete funcionários de ajuda humanitária num aparente ataque aéreo israelita.

"A World Central Kitchen [WCK] está desolada por confirmar que sete membros da nossa equipa foram mortos em Gaza num ataque das Forças de Defesa de Israel", disse a ONG.

Entre as vítimas estão cidadãos da "Austrália, Polónia, Reino Unido, um cidadão com dupla nacionalidade norte-americana e canadiana e três palestinianos", afirmou, em comunicado.

A WCK é uma das duas ONG ativamente envolvidas na entrega de ajuda a Gaza por barco a partir do Chipre e também esteve envolvida na construção de um cais temporário.

A ONG indicou que a equipa viajava numa caravana humanitária composta por "dois carros blindados com o logótipo WCK e um veículo ligeiro" no momento do ataque. "Apesar de coordenar os movimentos com o exército israelita, a caravana foi atingida ao sair do armazém de Deir al-Balah, onde a equipa tinha descarregado mais de 100 toneladas de ajuda alimentar humanitária transportada para Gaza por via marítima", acrescentou.

O exército de Israel anunciou que vai "uma investigação aprofundada" ao incidente, numa mensagem na rede social X (antigo Twitter).

Retirada do Hospital Al-Shifa

Entretanto, as tropas de Israel retiraram-se do Hospital Al-Shifa, na cidade de Gaza, após um ataque que durou duas semanas.

As imagens mostram uma devastação generalizada, com edifícios destruídos e grandes partes do complexo médico calcinadas pelo intenso fogo dos ataques durante duas semanas.

O Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, afirmou que "dezenas de corpos foram recuperados no complexo médico e nas suas imediações", acrescentando que o hospital está agora "completamente fora de serviço".

De acordo com Marwann Abu Saadah, diretor do complexo médico, "a maioria dos edifícios do complexo de Al-Shifa foi completamente destruída e queimada, e a destruição dos edifícios e das instalações é tão grande que já não é possível trabalhar lá – o complexo desapareceu para sempre".

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), dentro do hospital havia 107 doentes sem água, medicação, comida ou eletricidade. Ainda segundo a OMS, apenas 10 hospitais do território palestiniano estão ainda "minimamente" operacionais, contra 36 antes do início da guerra.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) confirmaram ontem a retirada de Al-Shifa nas redes sociais depois de completar a operação. Mas argumentam que o próprio Hamas destruiu o hospital, depois de o ter transformado numa base terrorista e usando civis como "escudos humanos".

Protesto contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanjahu
Protesto contra o primeiro-ministro de Israel, Benjamin NetanjahuFoto: Leo Correa/AP Photo/picture alliance

Protestos em Jerusalém

Em Israel, por outro lado, milhares de manifestantes saíram às ruas de Jerusalém, na segunda-feira (01.04) pelo segundo dia consecutivo, para exigir eleições antecipadas no âmbito da "semana nacional de protesto" convocada pela oposição contra o Governo israelita.

No sábado (30.03), registou-se a maior manifestação contra o governo desde o início da guerra. Nurit Robinson, de 74 anos, estava no local: "O que estou a fazer aqui é tentar mudar o Governo, porque esse é um fracasso total e absoluto. Nos conduzirão ao abismo, do qual nunca sairemos."

Os manifestantes montaram tendas de campanha e exibiram cartazes com referência aos reféns que permanecem sob poder do movimento islamita Hamas na Faixa de Gaza. Muitos manifestantes são críticos ao Governo liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que, argumentam, não tem alcançado resultados para recuperar os reféns.

Netanyahu, por sua vez, anunciou nesta segunda-feira que fecharia imediatamente a emissora Al Jazeera. Prometeu fechar o que chamou de "canal do terror", depois que o Parlamento aprovou uma lei abrindo caminho para que o país impeça o canal de propriedade do Catar de transmitir de Israel.

Netanyahu acusa a Al Jazeera de prejudicar a segurança israelense, participar dos ataques do Hamas em 7 de outubro e incitar a violência contra Israel.

Ataque na Síria

Ainda na segunda-feira, as autoridades da Síria e do Irão acusaram Israel de executar um ataque que destruiu o consulado iraniano em Damasco, deixando pelo menos onze mortos, entre eles Mohamad Reza Zahedi, um general da Guarda Revolucionária iraniana.

A Rússia também acusou Israel de perpetrar uma "ataque inaceitável" a Damasco e o Irão prometeu uma resposta dura ao ataque contra o seu consulado na Síria.

O Conselho de Segurança da ONU vai reunir-se durante o dia para discutir o ataque, disse o embaixador da Rússia junto da ONU, Dmitry Polyansky, pedido já aceite, escreveu o diplomata na rede social X (antigo Twitter).

Porque é que a África do Sul está a processar Israel?