João Lourenço louva "grande apoio popular" ao MPLA
29 de agosto de 2017Seja nos resultados preliminares avançados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), seja nas estimativas da oposição, uma coisa parece ser certa: o partido no poder, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), teve menos votos nas eleições gerais deste ano do que no escrutínio de 2012.
Segundo os números provisórios da CNE, com quase 99% dos votos escrutinados, o MPLA venceu as eleições de 23 de agosto com 61,05% dos votos. Mas em 2012, com o Presidente José Eduardo dos Santos como cabeça-de-lista do partido, o MPLA obteve 71,8%.
Ainda assim, o candidato deste ano à Presidência da República, João Lourenço, mostra-se satisfeito com os resultados: "Apesar das dificuldades, os resultados eleitorais foram bons, e o MPLA tem um grande apoio popular, que encoraja a continuar", afirmou Lourenço numa entrevista à agência de notícias espanhola EFE.
"Gorbachev angolano" não…
Uma das dificuldades do próximo chefe de Estado angolano será lidar com a crise económica e financeira que o país atravessa. A economia do país, dependente das exportações de petróleo, foi bastante afetada pela quebra do preço do crude no mercado internacional. Lourenço prometeu, por isso, concentrar-se no "desenvolvimento económico e social do país", combatendo a corrupção e o nepotismo em Angola.
"Uma vez ganhas estas batalhas, vai ser mais fácil captar investimento para o país", acrescentou.
João Lourenço rejeitou, porém, a classificação que lhe tem sido atribuída de "Gorbachev angolano", por suceder a José Eduardo dos Santos, que esteve quase 38 anos no poder.
"Reformador? Vamos trabalhar para isso, mas certamente não Gorbachev, Deng Xiaoping, sim", afirmou.
Cedo para cantar vitória
Mas a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), que segundo a CNE ficou em segundo lugar na votação de 23 de agosto com 26,72% dos votos, já alertou Lourenço e o MPLA que é cedo para cantar vitória.
"O país ainda não tem resultados eleitorais válidos. O país ainda não tem um Presidente eleito nos termos da lei", afirmou o líder do maior partido da oposição, Isaías Samakuva, na semana passada.
A oposição denunciou irregularidades na contagem dos votos. A segunda maior força da oposição, a Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), anunciou inclusive que vai impugnar judicialmente os resultados eleitorais divulgados pela CNE.