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Jornal moçambicano "A Verdade" justifica mudança da capital para Nampula

Nádia Issufo11 de junho de 2014

Sede do semanário independente de Moçambique passará a ser no norte do país. Faltando alguns meses para as eleições gerais, anuncia ainda que não cobrirá o escrutínio. A DW África ouviu o diretor geral sobre o tema.

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O jornal moçambicano “A Verdade”, parceiro da DW África, será transferido da capital moçambicana Maputo para a cidade de Nampula, conhecida como a capital do norte.

A publicação considerada independente e inovadora porque, entre outras coisas, inclui a participação ativa do cidadão anunciou também que não irá cobrir as eleições gerais de 15 de outubro próximo.

O diretor geral e editor chefe do semanário, distribuído gratuitamente, Adérito Caldeira, falou sobre os motivos das duas novidades à DW África:

Adérito Caldeira (AC): Estamos presentes em Nampula há cerca de dois anos. Sentimos que ao longo dos últimos seis anos, uma parte do trabalho que nós nos propusemos a fazer em Maputo, com os leitores, já está feita. Há sete anos, havia poucos maputenses e moçambicanos, em geral, a ler, principalmente, jornais e hoje, verificamos que as pessoas não estão somente a ler “A Verdade”, mas também outras publicações.

Mosambik A Verdade Redaktionsraum
O jornal "A Verdade" é parceiro da DWFoto: DW/J. Beck

Por isso, resolvemos ir a Nampula, a província mais populosa de Moçambique, onde ainda estamos a chegar de uma maneira muito efêmera. Neste momento, distribuímos em Nampula cerca de cindo mil exemplares. Queremos levar a edição completa para lá, que atualmente está em 20 mil.

DW África: Há um desequilíbrio de serviços e produtos em Moçambique. Tudo está concentrado na capital Maputo. A mudança visa também balancear a distribuição de serviços?

AC: Não é tão linear. Ainda que o Governo diga que o distrito é o pólo do desenvolvimento etc, não se veem questões concretas em termos de serviços acontecerem por lá.

Nós não temos nada a ver com o Governo e nem estamos nessa linha, mas sem dúvida que todas as vezes que vamos a Nampula, sentimos que os leitores precisam do jornal por lá. É uma forma de suprir esse défice de serviços e outro tipo de estrutura que fazem muita falta fora de Maputo. É para quebrar o clichê de que Moçambique é Maputo. A partir de Nampula, é fácil chegar a província da Zambézia e a Cabo Delgado.

Mosambik Adérito Caldeira
Adérito CaldeiraFoto: DW/J. Beck

DW África: O norte do país começa a ser também um grande pólo de desenvolvimento em Moçambique. Em que medida isso atraiu o jornal “A Verdade”?

AC: O norte sempre foi um pólo de desenvolvimento apesar de hoje vermos, se calhar, alguns desses projetos maiores a instalarem-se em Nampula e em Cabo Delgado particularmente.

Mas Nampula e Zambézia sempre foram um pólo até pela dimensão territorial e populacional. Quando nós dizemos que queremos alcançar o povo moçambicano e nós não conseguimos estar em Nampula e Zambézia, então não estamos a chegar a todos os moçambicanos.

Por outro lado, o nosso modelo de negócios inicialmente afetava uma vertente comercial, mas em determinado momento tivemos que revê-lo, por vários fatores.

Estando mais presente em Nampula, nessas zonas de desenvolvimento econômico, com certeza poderemos ter uma viabilidade bem maior a este nível. E eventualmente, até a aumentar a nossa tiragem. Quem sabe, em breve, estarmos nos 100 mil exemplares.

DW África: O jornal “A Verdade” anunciou que irá se mudar a Nampula e que não cobrirá as eleições, e isso há apenas alguns meses da escrutínio. Há alguma relação entre esse anúncio e a realização das eleições em outubro deste ano?

AC: Não. São coisas em separado. A decisão com relação às eleições têm uma razão muito própria. Não conseguimos viabilizar os nossos custos de deslocação de jornalistas para todo o país e também não conseguimos distribuir o jornal no restante de Moçambique. Digamos que juntamos as duas mudanças no jornal por uma questão estratégica de divulgação, mas em termos práticos uma coisa não tem rigorosamente a ver com a outra.

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