TV Zimbo acusada de censura após saída de Rosado de Carvalho
5 de outubro de 2020Em comunicado, o SJA felicita o também economista "pela coragem em recusar e denunciar a censura" e insta os jornalistas da estação a denunciarem outros atos de interferência na gestão editorial".
No sábado (03.10), o economista angolano, que apresenta a rubrica "Direto ao Ponto" na TV Zimbo, anunciou através do Twitter um "ponto final" na colaboração.
Edeltrudes Costa, chefe de gabinete do Presidente da República, João Lourenço, terá sido alegadamente beneficiado em contratos com o Estado que lhe renderam milhões de dólares, segundo uma investigação da TVI.
"Não acredito que tenha sido uma ordem ao mais alto nível, será mais uma auto censura [dos meios] que se põem na pele do Presidente", considerou Carlos Rosado de Carvalho, declarando-se "disponível para esquecer tudo", se puder apresentar o caso no próximo sábado no Direto ao Ponto.
Sindicato pede à ERCA que "desempenhe o seu papel"
O SJA salienta no seu comunicado que as suspeitas que recaem sobre o diretor do gabinete do Presidente da República têm "interesse público" e considera "deplorável" o argumento usado pela Comissão de Gestão para impedir a abordagem da matéria. Solicita ainda à Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA) que "desempenhe o seu papel".
A TV Zimbo, a Rádio Mais e o jornal O País, todas do grupo Media Nova, foram entregues ao Estado angolano no final de julho, no âmbito do processo de recuperação de ativos criados com fundos públicos, segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR).
O Serviço Nacional de Recuperação de Ativos entregou depois as empresas ao Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social que nomeou uma comissão de gestão para a TV Zimbo.
Para o SJA, o ato da Comissão de Gestão da TV Zimbo, "contraria manifestamente a promessa do ministro das Telecomunicações e Comunicação Social de manter inalterável a linha editorial da TV Zimbo e outros órgãos transferidos para a esfera do Estado".
Instada pela Lusa a comentar as acusações, a comissão de gestão da TV Zimbo remeteu esclarecimentos para mais tarde.