Jovens criticam eleição de Momade: "Estamos sem palavras"
17 de maio de 2024Poucas horas depois do fim do congresso da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO), vários apoiantes do partido mostraram-se incrédulos com a eleição de Ossufo Momade.
Vários jovens disseram à DW que esperavam mudanças no partido, a começar pelo seu presidente.
"Nós estamos sem palavras. A juventude está super revoltosa", afirmou António Felisberto, um dos apoiantes da RENAMO que acompanharam de perto o congresso do partido em Alto Molócué, na província da Zambézia.
Ele disse que, como jovem, não está satisfeito com os resultados. "Parecem manipulados", acusou.
Não há provas disso. Mohamed Yassin, um dos congressistas, diz que o processo de votação foi "excelente". Foi um "processo limpo e transparente com a presença da imprensa, para evitar que se dissesse que este ou aquele burlou o processo", disse Yassin.
"Temos de respeitar" a decisão
Ossufo Momade concorria para a sua sucessão na liderança e foi eleito com 57% dos votos. Em segundo lugar ficou Elias Dhlakama, seguido de Ivone Soares.
A deputada congratulou Momade: "O processo de votação foi como qualquer outro. Eu fiz a minha parte. Naturalmente, qualquer pessoa que concorre espera vencer, esta é a expetativa de qualquer um. [Mas] o partido fez uma escolha e temos de respeitar."
O candidato Elias Dhlakama espera que Ossufo Momade seja um homem pragmático nas suas promessas e diz-se disposto a colaborar com o presidente eleito do partido. "Precisamos de um partido muito forte, e nós estamos dispostos a dar a mão", assegurou.
"Esta não é a RENAMO que conhecíamos"
No entanto, a escassos metros do local onde Ossufo Momade foi eleito, vários jovens continuaram a protestar contra o resultado.
"Esta não é a RENAMO que conhecíamos, queríamos Venâncio [Mondlane] à frente. Se Venâncio não estiver no poder, a RENAMO não existe. Nós vamos onde Venâncio vai, não queremos Ossufo Momade", afirmou um dos manifestantes.
Venâncio Mondlane foi impedido de participar no congresso e na corrida à presidência da RENAMO, por não encaixar no perfil definido pelos órgãos partidários.
Para o historiador Bruno Mendiate, a RENAMO perdeu uma oportunidade de ouro para "refrescar" a sua imagem, tendo em conta que a liderança do partido foi várias vezes contestada nos últimos anos.
"Ivone Soares teria sido ideal como candidata, porque Ivone Soares tem mesmo o rosto da RENAMO e é uma mulher muito forte", comenta Mendiate. "É verdade que, com a morte [do líder histórico do partido] Afonso Dhlakama, ficou um pouco fragilizada, mas ela é alguém com garra, que reúne consensos dentro da RENAMO".
O sétimo congresso da RENAMO terminou esta sexta-feira.