Jovens vivem uma “má” situação na Guiné-Bissau
25 de junho de 2013A “falta de qualidade” na educação, a “não existência” de infra-estruturas culturais e para a prática do desporto e a “situação vivida na área da saúde”, nomeadamente no que diz respeito às doenças sexualmente transmissíveis, como a SIDA, doenças infecciosas e outras, são alguns dos fatores que levam o presidente do Instituto Nacional de Juventude, Lucas Na Sanhá, a concluir que a condição dos jovens neste país é “má”.
O responsável adianta ainda que “nada tem sido feito” pelos jovens na Guiné-Bissau. “Há sempre vontade de melhorar as suas condições de vida, mas tal ainda não é visto na prática”, assevera o presidente do Instituto Nacional de Juventude.
“Os jovens não podem ser postos de parte”
E qual é o sentimento dos jovens? Do Movimento Ação Cidadã, Cadija Mané afirma que os jovens guineenses estão “desanimados” e querem que “a atual situação mude”.
Os jovens são considerados o futuro de uma nação e, no momento atual, Cadija Mané não perspetiva um bom caminho para a Guiné-Bissau. À DW África fala ainda de uma certa “instrumentalização” dos jovens por parte dos partidos e candidatos políticos na altura das eleições.
“Nós temos um sistema altamente viciado, no qual são sempre as mesmas pessoas que têm de estar à frente e os jovens capazes e aptos são deixados de lado. Esses jovens só são lembrados durante as campanhas eleitorais. O jovem apoia, mas depois não é tido em conta para o desenvolvimento do país”, considera Cadija Mané.
O membro do Movimento Ação Cidadã acha que a atitude dos jovens tem de ser alterada em relação a este aspeto específico. “Tem de se exigir um contrato político para com as pessoas que aparecem nas nossas regiões e nas nossas cidades para pedir o voto”, enaltece.
A “necessidade” de uma política nacional de juventude
Face à “má situação” vivida pelos jovens neste país africano, o presidente do Instituto Nacional de Juventude garante ser necessário haver uma política nacional de juventude, para que os problemas que afetam os jovens “possam ser solucionados”, mas também para “comprometer” o sistema político. Lucas Na Sanhá afiança que, caso haja tal documento, o mesmo sairá do papel e será aplicado.
“Através desse documento, o governo passará a ter maior responsabilidade para com a juventude e, portanto, vai impulsioná-lo a mover mais ações a favor da juventude, porque passará a ser uma lei, que tem de ser cumprida”, afiança Lucas Na Sanhá.
O presidente do Instituto Nacional de Juventude garante ainda à DW África que os jovens estão a ser ouvidos no processo de desenho de um documento que regule a política nacional de juventude.
Situação atual dos jovens pode ser “perigosa”
Do lado do Conselho Nacional da Juventude da Guiné-Bissau, Dito Max refere que a situação dos jovens “não é má, mas precária”. Face a problemas na educação, no setor da saúde e da falta de emprego entre os jovens, Dito Max adianta que tal pode causar uma “situação perigosa” para o país.
“Teremos jovens sem preparação e muitos deles estarão doentes. Neste aspecto, refiro-me particularmente à situação de epidemia ou da SIDA, a qual está a ganhar cada vez mais força. Até agora, os currículos escolares na Guiné-Bissau não abordam a temática da saúde sexual e reprodutiva dos adolescentes jovens. Também posso dizer que, daqui a algum tempo, poderemos ter problemas sociais muito graves”, afirma o responsável.
Entidades ligadas à juventude “sem condições”
Na Guiné-Bissau existem o Instituto Nacional de Juventude, o Conselho Nacional de Juventude e a Rede Nacional das Associações Juvenis. Do Movimento Ação Cidadã, Cadija Mané afiança ser “provável” que estas entidades “não consigam coordenar-se”.
“Muitas vezes parece que cada uma funciona para seu lado e isoladamente. Acho que está a faltar uma coordenação entre estas três estruturas. Mas se há coordenação, não é bem feita”, considera Cadija Mané.
Por seu lado, o presidente do Conselho Nacional da Juventude da Guiné-Bissau, Dito Max, garante que “há coordenação”, mas, por outro lado, admite existir “uma falha”.
“O Instituto Nacional de Juventude, que deveria ser uma instituição especializada em políticas públicas para a juventude, tem dificuldades, porque não há técnicos especializados neste domínio e não tem condições materiais e financeiras para fazer face aos desafios que enfrenta”, diz.
Meados de setembro são a altura esperada para que haja um documento regulador de uma política nacional de juventude na Guiné-Bissau. Contudo, e ate lá, a data pode ser alterada.