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Prova de rebelião é um quadro com as iniciais JES

2 de dezembro de 2015

Luaty Beirão voltou a ser interrogado nesta quarta-feira. A acusação confrontou o arguido com dois vídeos filmados durantes as sessões de debates e também um quadro com as inicias do presidente angolano JES.

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Foto: picture-alliance/dpa/P. Juliao

O Ministério Público (MP) apresentou esta quarta-feira (02.12) dois vídeos e um quadro escolar com as iniciais do nome do presidente angolano JES associadas a outras palavras como provas contra Luaty Beirão dos crimes de ato preparatório de rebelião e atentado contra o presidente da República e órgãos de soberania.

No quadro, supostamente retirado da escola onde 13 dos 15 arguidos foram detidos quando faziam um curso de formação, no dia 20 de junho, estavam as iniciais do nome de José Eduardo dos Santos (JES), associadas às palavras manipulação, mentira, repressão, instituição religiosa e imprensa, que de acordo com o representante da Procuradoria Geral da República são da autoria de Luaty Beirão.No mesmo material escolar, estavam escritos trechos de uma lição de um curso de inglês, datados de 10 de fevereiro deste ano.

Luaty Beirão Rapper aus Angola
Luaty BeirãoFoto: Luaty Beirão

“A grande prova que foi presente é um quadro. Da leitura daquele quadro não se consegue ver onde está o crime de rebelião ou de atentado contra o Presidente da República e outros órgãos de soberania”, disse Luís Nascimento um dos advogados dos ativistas.

À semelhança dos restantes réus, Ikonoklasta manteve-se em silêncio enquanto o Ministério Público lhe fazia perguntas.

Apresentadas supostas provas

O Ministério Público apresentou a suposta prova, dizendo que nos vídeos apareciam Luaty Beirão a escrever tais palavras, mas segundo alguns jornalistas que assistiram os vídeos a partir da sala reservada à imprensa, confirmaram que em nenhum momento Luaty Beirão aparece a escrever no quadro ou como monitor de alguma apresentação na escola.No primeiro vídeo apresentado, o também arguido Domingos da Cruz surge a exemplificar formas de motivar pessoas a participarem nas manifestações. Não se vê Luaty Beirão.

Angola Medien Prozess Aktivisten in Luanda - Gericht
Edifício do tribunal onde estão a ser julgados os 15+2Foto: DW/M. Luamba

No segundo vídeo, há um diálogo entre Domingos da Cruz e Luaty Beirão que afirma que durante as manifestações não pode haver interferência do exército, pois se houver, pode começar aquilo que eles não defendem, que é o golpe de Estado.

“Vamos pedir que se faça transcrição do debate para ver o conteúdo daquilo, para mostrar que não é crime, é uma conversa numa roda de amigos”, disse Luís Nascimento, fazendo referência à qualidade do áudio.

“Acho que se gravassem as conversas que se têm, mesmo em casa, pelo menos 70 ou 80 por cento da população angolana estava presa”, ironizou o advogado.

Entretanto, o advogado já anunciou que vai deixar de dar entrevistas a alguns órgãos de comunicação social, com maior destaque para os estatais, por achar que estão a manipular as suas declarações. "O que eu digo e aquilo que é mais importante é censurado e com censura não dá", afirmou o advogado.

Somente TPA e TV Zimbo autorizadas a gravar a sessão

Somente duas cadeias televisivas foram autorizadas a agravar a sessão desta quarta-feira: a Televisão Pública de Angola (TPA) e a TV Zimbo. Aos jornalistas presentes na sala disponibilizada à imprensa não lhes foi dada explicações sobre as razões para a exclusão de outros media.Apenas um oficial da policia disse que só as duas emissoras tinham o direito de obter as imagens, e que quem fosse apanhado a filmar ou a fotografar teria o seu material apreendido .

Dos 17 arguidos já foram ouvidos sete em duas semanas

Até agora foram ouvidos os ativistas Manuel Baptista Chivonde Nito Alves, Hitler Jessia Chiconda “Samussuku”, Domingos da Cruz, Nuno Álvaro Dala, Afonso Matias “Mbanza Hamza” e Inocêncio de Brito.

Os 17 acusados (15 deles detidos há cinco meses) estão indiciados, entre outros crimes menores, pela co-autoria material de um crime de atos preparatórios para uma rebelião e para um atentado contra o presidente, no âmbito de um curso de formação semanal que decorria desde maio deste ano.

São eles: Domingos da Cruz, Afonso Matias “Mbanza Hamza”, José Gomes Hata, Hitler Jessia Chiconda “Samussuku”, Luaty Beirão, Inocêncio Brito, Sedrick de Carvalho, Fernando Tomás Nicola, Nelson Dibango, Arante Kivuvu, que será ouvido na quinta-feira (03.12), Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Osvaldo Caholo, Manuel Baptista Chivonde Nito Alves e Albano Evaristo Bingo.A responder pelas mesmas acusações do grupo de 15 ativistas encontram-se também, mas em liberdade, Laurinda Gouveia e Rosa Conde -, constituídas arguidas do mesmo processo a 31 de agosto.

Julgamento dos 15+2: Prova de rebelião é um quadro com as iniciais JES

Angola Medien Prozess Aktivisten in Luanda
Jornalistas que estão a cobrir o julgamentoFoto: DW/P.B. Ndomba
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