Juventude e mudança maracam legislativas de Cabo Verde
18 de março de 2016No país, a campanha eleitoral termina com os dois principais partidos a fazerem um balanço positivo das duas últimas semanas. Para o fim da caça ao voto, o MpD (Movimento para a Democracia) e o PAICV (Partido Africano de Independência de Cabo Verde) escolheram a Cidade da Praia na Ilha de Santiago como palcos dos seus comícios. Depois da meia noite desta sexta-feira (18.03.), os olhos estarão já virados para o escrutínio. Por isso, a DW África conversou com o analista político cabo-verdiano Pedro Moreira sobre os prováveis cenários deste processo eleitoral.
DW África: Quais são as atuais tendências nestas eleições?
Pedro Moreira (PM): A priori nesta altura aparecem muitas sondagens e ao gosto de cada um. É difícil fiarmo-nos muito nas sondagens. Mas pelo que senti do pulsar das populações, pelas comunicações nas redes sociais e mesmo na imprensa, o acompanhamento, mesmo à distancia, dos partidos políticos, vê-se que a eleição vai ser muito renhida e que os dois maiores partidos, tanto o MpD como o PAICV, vão disputar palmo a palmo a vitória. De qualquer modo tenho a perceção que o MpD, fruto de algumas coisas, até pode estar a levar alguma vantagem. Mas até ao último minuto isso vai ser disputado palmo a plamo.
DW África: Acha que essas eleições serão marcadas por alguma mudança especial?
PM: Eu creio que a mudança haverá de qualquer das formas, mesmo mesmo com uma vitória do PAICV. A presidente do PAICV, Janira Almada, é um sinal de mudança dentro do próprio partido, é um sinal de rejuvenescimento dentro do próprio PAICV. Ganhando o MpD, a mudança será ainda maior porque são partidos em vários aspetos, social, político e económico, diferentes e creio que o MpD a ganhar a mudança será maior. De todas as formas, como disse, haverá sempre mudança, ao nível de governação, ganhando o MpD ou o PAICV .
DW África: Há diferenças de fundo nas propostas dos principais partidos?
PM: Há, embora em termos de governação, digamos que num país como Cabo Verde não existem muitas opções. De todas as formas vê-se e sabe-se que, o MpD é um partido um pouco mais liberal e um pouco mais à direita do que o PAICV, que é um partido de esquerda. Então, a diferença mais significativa tem a ver com o papel do Estado, mais ou menos interventivo na economia e na sociedade. De resto acho que existem questões de prioridade, com o PAICV a defender alguns aspetos e o MPD a priorizar outros.
DW África: Acha que as promessas de muitos empregos feitas nestas eleições são exequíveis?
PM: Em rigor costumo dizer que é preciso entender um pouco o discurso político, não é um discurso técnico e objetivo. Todos os partidos tendem a empolar um pouco as promessas, porque na verdade as pessoas até compra isso. A exiquibilidade ver-se-á depois com as propostas concretas dos orçamentos, dos planos e dos programas específicos do Governo. O MpD já tendo apresentado um programa de Governo pode a priori estar mais preparado para defender os números que apresenta, enquanto o PAICV apenas apresentou uma plataforma eleitoral, que é algo muito mais volátil. Mas as promessas são sempre empoladas, vamos a ver. E depois há imponderáveis que os partidos não levam em conta quando fazem essas promessas.
DW África: E espera eleições justas e transparentes?
PM: Creio que em Cabo Verde, pelo que tem sido até agora, serão eleições justas, livres e transparentes. Haverá sempre reclamações e questões, nomeadamente como certamente como muita gente já sabe, da compra de votos, da pressão à boca das urnas, mas creio que de um modo geral como tem sido habitual, essas eleições serão livres, justas e transparentes. Acho que é o que todos os partidos vão pugnar para que isso aconteça.