Angola: Isaías Samakuva quer abandonar liderança da UNITA
27 de setembro de 2017"Afirmei aos angolanos antes e durante a campanha eleitoral que, depois das eleições, deixaria o cargo de presidente da UNITA para servir o partido numa posição diferente [concorria a Presidente da República]. Mantenho e reafirmo esta decisão", disse, esta quarta-feira (27.09.), Isaías Samakuva, na abertura da quarta reunião ordinária da Comissão Política do Comité Permanente da UNITA, que decorre em Viana, arredores de Luanda.
Recorde-se que Isaías Samakuva foi eleito presidente da União Nacional para Independência Total de Angola (UNITA) em 2003, na sequência da morte em combate, no ano anterior, do líder e fundador da UNITA, Jonas Savimbi, o que levou ao fim da guerra civil de quase 30 anos em Angola.
Na terça-feira (26.09.), João Lourenço foi empossado como terceiro Presidente da República de Angola, após a vitória (61%) do MPLA nas eleições gerais de 23 de agosto, sucedendo a 38 anos no poder de José Eduardo dos Santos.
Congresso extraordinário elegerá novo líder da UNITA
Para o líder do maior partido na oposição em Angola, o segundo mais votado nas eleições gerais, que viu o número de deputados eleitos quase duplicar, para 51, "é chegado o momento de se desencadear um novo processo conducente a materialização da sua decisão", propondo por isso a realização de um congresso extraordinário.
"Esta reunião deverá hoje (27.09.) proceder à definição da data em que a Comissão Política do Partido vai reunir, para que além de analisar o relatório da campanha eleitoral que possa também, nos termos dos estatutos, ser ouvida quanto à realização de um congresso extraordinário para eleição do novo presidente do partido", observou Isaías Samakuva.
Tendo ainda considerado na sua intervenção que os angolanos conferiram à UNITA novas responsabilidades muito mais abrangente do que os números eleitorais parecem transmitir - o partido contesta os resultados oficiais divulgados pela Comissão Nacional Eleitoral -, Samakuva afirmou que o partido se tornou "um património nacional depositário fiel das aspirações de liberdade e dignidade dos angolanos".
"O nosso partido está e vai estar à altura desta confiança, vamos por isso assumir as nossas responsabilidades e continuar a servir o povo, ao lado do povo e ao serviço do povo", concluiu.