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Lei das eleições: Oposição angolana teme "manobra dilatória"

José Adalberto (Huambo)
14 de setembro de 2021

Partidos da oposição querem mudanças urgentes na Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, que foi devolvida ao Parlamento pelo Presidente João Lourenço. Opositores dizem que a legislação é prejudicial à democracia no país.

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Foto: DW/B. Ndomba

A sociedade civil e a oposição protestaram, e o Presidente da República ouviu os clamores. João Lourenço devolveu à Assembleia Nacional a Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais na semana passada. O Presidente justificou o veto político com a necessidade de reforçar a "sã concorrência, lisura e verdade eleitoral".

António Soliya Solende, secretário provincial no Huambo do Partido de Renovação Social (PRS), espera que esta não seja apenas uma "manobra política".

"Nós estamos aqui a ver um jogo grande, porque o MPLA [Movimento Popular de Libertação de Angola, no poder] habituou as pessoas a todas as manobras possíveis. É provável que seja somente uma manobra dilatória para esta lei passar", comenta.

Revisão urgente

O PRS foi um dos partidos que pediu ao Presidente da República para não publicar a lei, tal como a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA). Eduardo Dumba, deputado do maior partido da oposição, também deseja que esta não seja uma manobra dilatória. Segundo ele, é preciso agarrar esta oportunidade para mudar pontos polémicos na legislação.

Angola I Präsident Joao Lourenco
Presidente angolano, João LourençoFoto: Alexander Nemenov/AFP/Getty Images

"O Presidente da República deve ter a máxima responsabilidade de facilitar que a lei seja revista no essencial", diz Dumba em entrevista à DW África.

Uma das exigências da oposição é que se garanta a identidade das pessoas que vão votar, para que não haja fraudes. Outra é a reintrodução da contagem de votos nos municípios: "A questão do apuramento nos municípios é muito importante. E [pedimos também] a observação rigorosa da paridade na CNE e a contagem biométrica do voto", acrescenta o político.

Rotura entre Presidente e MPLA?

Depois de João Lourenço ter devolvido à Assembleia a Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais, várias analistas comentaram que o Presidente tinha colocado a bancada parlamentar do MPLA numa posição desconfortável. Especulou-se ainda sobre uma possível rotura entre o João Lourenço e o seu partido.

Mário Pinto de Andrade, secretário do Bureau Político do MPLA, rejeita por completo essa narrativa.

"Não há aqui nenhuma rotura, porque a lei, quando saiu no Parlamento, já não é a lei do grupo parlamentar do MPLA, é a lei do Parlamento nacional", afirma.

Para o politólogo Jorge Marcos Benedito, o pedido de reapreciação da lei foi uma forma de o Presidente apelar a consensos para pôr fim à polémica em torno do diploma. Sobretudo, porque está em causa a transparência das eleições.

"Penso que o Presidente da República toma uma posição que é verdadeiramente de um estadista que está comprometido com a república", comenta Benedito.

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