1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Mais dinheiro em Angola com lei para petrolíferas

1 de outubro de 2012

Em 01.10, entrará em vigor lei que obriga as empresas a pagar bens e serviços só por meio de bancos angolanos. Antes, as petrolíferas transferiam o dinheiro do estrangeiro. Medida aumentará liquidez no país.

https://p.dw.com/p/16Gbz
Angola terá mais reservas de moeda estrangeira com nova lei para sector petrolífero, avalia especialista
Angola terá mais reservas de moeda estrangeira com nova lei para sector petrolífero, avalia especialistaFoto: Fotolia/pioneer

Sendo o petróleo o motor da economia angolana, o impacto que nova Lei sobre o regime cambial aplicável ao sector petrolífero deverá ter sobre os bancos e a economia já é considerado enorme por especialistas. A injeção de dólares em Angola, na sequência da nova legislação, poderá atingir 10 mil milhões por ano.

A lei, aprovada em 2011 e que obriga as companhias petrolíferas a pagar aos seus fornecedores através de bancos angolanos foi proposta pela primeira vez há oito anos atrás. Até agora as petrolíferas podiam pagar bens e serviços fornecidos por empresas não sediadas em Angola, com contas offshore, estando apenas obrigadas a transferir para Angola os fundos necessários para o pagamento de impostos.

Para o analista Joseph Lake, da Economist Intelligence Unit, serão criadas oportunidades para a consolidação e fortalecimento do sistema financeiro angolano. "A nova lei irá aprofundar e aumentar a credibilidade internacional do sistema bancário angolano ao incorporar as transações petrolíferas", acredita o analista. "Isto irá provocar um aumento de liquidez que alguns estimam que se possa situar em dez mil milhões de dólares por ano, o que constitui uma enorme mudança para o sector financeiro local", diz.

Mais reservas de moeda estrangeira para Angola

A nova legislação, que será aplicada gradualmente, determina que os pagamentos feitos por companhias petrolíferas a empresas estrangeiras ou locais sejam feitos em dólares ou em kwanzas.

A partir de maio de 2013 o pagamento de impostos também terá de ser feito via bancos angolanos e a partir de julho de 2013 os pagamentos a fornecedores locais terão de ser feitos em kwanzas.

Mas estará o sistema bancário angolano preparado para lidar com esta injeção de liquidez? "Vai demorar algum tempo. Haverá problemas iniciais", acredita Joseph Lake. Segundo ele, a EIU espera um aumento das reservas angolanas de divisa estrangeira. Segundo Joseph Lake, isso poderia "suportar "o Kwanza e "limitará a inflação importada".

Vencedores neste processo poderão ser os grandes bancos angolanos, como o Banco Angolano de Investimento e o Banco Privado Angolano, ambos com participação da empresa petrolífera estatal Sonangol no seu capital social. Outros bancos estão bem colocados para capturar uma significante fatia dos fundos, incluindo o sul-africano Standard Bank e a Caixa Geral Totta de Angola.

Nova lei aumentará concessão de empréstimos

O impacto sobre a economia angolana deverá ser enorme. A maior liquidez dos bancos permitir-lhe-á conceder créditos que poderão ajudar a desenvolver o sector privado angolano, segundo Joseph Lake, que pondera, por outro lado: é preciso alguma cautela.

"A nova legislação também poderá ter consequências negativas, por exemplo um aumento das taxas bancárias locais, o atraso no processo das transações  e também se corre o risco que o atraso nos pagamentos conduza à redução, a curto prazo, da produção petrolífera", afirma o especialista. Para Lake, "a nível macroeconómico, o imenso fluxo de liquidez poderá levar à concessão excessiva de créditos e a pressões inflacionistas."

Autora: Helena Ferro de Gouveia
Edição: Renate Krieger/António Rocha

26.09 Angola Nova Legislacao - MP3-Mono

Apesar de injetar mais capital no país, nova lei para o segundo maior produtor de petróleo africano também poderá causar empréstimos em excesso
Apesar de injetar mais capital no país, nova lei para o segundo maior produtor de petróleo africano também poderá causar empréstimos em excessoFoto: AP