Libertação de estudantes de Chibok vista com “otimismo
8 de maio de 2017Metade das mais de 270 estudantes raptadas há cerca de três anos, numa escola em Chibok, no nordeste da Nigéria, pelo grupo terrorista Boko Haram, já se encontram em liberdade. No passado sábado (06.05), mais 82 jovens foram libertadas. Em troca, confirmou o gabinete do Presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari, o Boko Haram exigiu a libertação de cinco dos seus comandantes que estavam detidos pelas autoridades nigerianas. Esta segunda-feira (08.05), foram divulgados, na Nigéria, os nomes das estudantes libertadas.
As estudantes, que estavam em cativeiro há três anos, foram transportadas por helicópteros militares para a capital do país, Abuja, onde foram, este domingo (07.05) recebidas pelo presidente Muhammadu Buhari.
"Otimismo" no futuro
Em entrevista à DW, Ryan Cummings, analista para a área de segurança da Signal Risk, afirma que a libertação das 82 estudantes é um sinal positivo para as negociações entre o governo nigeriano e o grupo extremista. "A libertação de algumas das reféns de Chibok em duas ocasiões distintas – a primeira em outubro de 2016 e a segunda, este fim de semana - traz algum otimismo para que o governo nigeriano consiga ir em frente e garanta a libertação das restantes reféns”, afirmou.
As 82 raparigas libertadas integravam o grupo de mais de 200 alunas de uma escola secundária de Chibok que foram sequestradas pelo Boko Haram no dia 14 de abril de 2014, na sequência de um ataque a esta localidade. Horas depois do rapto, 57 estudantes nigerianas conseguiram fugir. Mais tarde, em outubro de 2016, e com a intervenção da Cruz Vermelha, os terroristas do Boko Haram libertaram mais 21 jovens. Agora, mais 82 estudantes saíram em liberdade. No entanto, estão ainda desaparecidas outras 113.
Organizações de direitos humanos temem que algumas das raparigas raptadas possam estar a ser usadas pelo Boko Haram em ataques suicidas. Para Ryan Cummings, este é um cenário pouco provável. Constatando que as raparigas de Chibok têm sido tratadas de "forma diferente” das restantes vítimas do Boko Haram, Cummings afirma que "é improvável que o Boko Haram gaste as "moedas de troca” que tem para com o governo nigerianos (as estudantes reféns) em ataques-suicida para atingir outros alvos”.
Organizações satisfeitas
O presidente da Nigéria manifestou o seu contentamento com a libertação das 82 jovens e reforçou o empenho do país em garantir o regresso em segurança das restantes estudantes de Chibok. A União Europeia saudou também a libertação das jovens e sublinhou que continua empenhada em apoiar a Nigéria na luta contra o terrorismo. A alta representante da Política Externa da União Europeia (UE), Federica Mogherini, afirmou que "esta notícia é um vislumbre de esperança de que um dia todas as meninas raptadas possam voltar a casa, viver livremente e ter um futuro em paz".
Também o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) congratulou a libertação das estudantes e pediu às autoridades para que lhes faculte o apoio psicológico e social necessário. "Enfrentam um processo longo e difícil para reconstruir as suas vidas depois do horror indescritível e do trauma que sofreram às mãos do Boko Haram", lê-se no comunicado da organização.