"Luanda Leaks": Rui Pinto vai para prisão domiciliária
9 de abril de 2020O autor do vazamento do escândalo "Luanda Leaks” foi colocado em prisão domiciliar nesta quarta-feira (08.04) após acordo com as autoridades policiais portuguesas.
O "hacker" Rui Pinto estava em prisão preventiva nas instalações do estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária portuguesa desde março de 2019. Segundo seus advogados, Pinto será obrigado a permanecer numa habitação e não terá acesso à internet.
Em janeiro, a justiça portuguesa decidiu levar o pirata informático a julgamento por 90 crimes de acesso ilegítimo, acesso indevido, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão. Mais tarde o Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa deixou cair 57 dos 147 crimes pelos quais o arguido havia sido acusado.
Pinto, de 31 anos, foi extraditado da Hungria em março de 2019 por alegadamente tentar chantagear um fundo de investimento, exigindo entre 500 mil e um milhão de euros em troca de não publicar documentos que tinha obtido ilegalmente dos sistemas informáticos das empresas Doyen Sports e Sporting Lisbon.
Estatuto de denunciante
Em janeiro, Pinto alegou estar por trás do caso "Luanda Leaks" - uma fuga de 715 mil documentos comprometedores sobre a empresária angolana Isabel dos Santos, filha do ex-presidente José Eduardo dos Santos.
Os advogados de Pinto defendem que o "hacker" é uma das pessoas que mais contribui para apurar a verdade em vários inquéritos que já foram iniciados na Europa e defendem o estatuto de "denunciante" do seu cliente.
Os primeiros vazamentos ocorreram em 2015, e foram publicados pela revista alemã Der Spigel e outros meios de comunicação. O "Football Leaks" desencadeou investigações criminais em países como Reino Unido e França no âmbito do desporto.
O advogados criticam a justiça portuguesa devido à falta do anúncio de qualquer investigação criminal, apesar de ter informações para o fazer.
Em janeiro, o "Movimento Mais Cidadania" realizou uma vigília em Lisboa para exigir que seja aplicado para o caso de Rui Pinto a diretiva europeia contra o branqueamento de capitais, para que o "hacker” seja libertado e colabore com as autoridades no combate à corrupção. Em março, personalidades assinaram uma petição pela libertação do pirata informático.