Huíla: 57 detidos em protestos contra subida do combustível
7 de junho de 2023Segundo o comandante do Lubango da Polícia Nacional, Fernando Hamueyla, foram registadas situações diferentes: uma, a paralisação dos serviços de táxi e moto táxi, “que não é crime", mas houve situações que "nos termos do código penal configuram crime”.
“Como, por exemplo, colocar pneus a queimar na via pública, interditar a circulação de viaturas, bater nas pessoas que quisessem trabalhar, circular, isso já configura crime e foi nestes termos que a polícia interveio para repor o normal funcionamento dos serviços e das instituições e nesta senda foram detidas ontem 57 pessoas”, disse o responsável policial à Lusa.
Fernando Hamueyla sublinhou que alguns dos envolvidos foram detidos por participação em motim, nomeadamente queima de pneus nas vias, vandalização de sinais de trânsito e outros bens públicos vandalizados.
Alguns dos detidos são acusados do crime de danos, no caso da queima de um autocarro, da danificação de portas e janelas, furto de um televisor e outros bens patrimoniais, da administração do bairro Nambambe.
O comandante da Polícia Nacional no Lubango salientou que durante o protesto houve aproveitamento de marginais, que entraram na administração para vandalizar, danificar e furtar meios.
A polícia apreendeu também 40 motorizadas de jovens que participaram no motim, danificando bens públicos e queimando pneus na via pública.
Sem feridos
Apesar da ação violenta dos manifestantes, com o arremesso de pedras, “ninguém ficou ferido, nem da parte da polícia nem da parte dos civis”.
“Muito menos mortos, a polícia conseguiu conter, usando meios proporcionais à situação, aliás nem usamos armas letais, tivemos esse cuidado, porque os cidadãos também nenhum deles estava armado com armas letais, eram apenas pedras e temos meios para nos protegermos das pedras”, destacou.
Os detidos serão presentes nas próximas horas ao Ministério Público, estando em processo de conclusão o expediente.
Fernando Hamueyla disse que o dia hoje “está muito calmo”, diferente de terça-feira, onde nas primeiras horas do dia grupos de taxistas e moto taxistas paralisaram os serviços para reclamar contra a subida do preço da gasolina e a entrega tardia de cartões de subvenção à gasolina para esta classe.
“As viaturas circulam normalmente, sobretudo as motorizadas, alguns 'Hiaces' [táxis coletivos], há uma circulação tímida da parte dos Hiaces, muito tímida, isso é um facto, mas os motoqueiros estão a trabalhar normalmente”, acrescentou.
Na quinta-feira passada, o Governo angolano anunciou a retirada gradual do subsídio aos combustíveis, que começou pela gasolina, mas isentando taxistas, moto taxistas e embarcações de pesca artesanal.
Aos profissionais licenciados destes setores, o Governo prometeu a entrega de cartões personalizados, com um plafond diário de 7.000 kwanzas (11,3 euros) para cobrir o diferencial entre os 160 kwanzas (0,25 euros) por litro, que custava a gasolina e os atuais 300 kwanzas (0,48 euros).
No entanto, o atraso na entrega dos cartões levou a protestos e confrontos com a polícia no Lubango (província da Huila) e no Huambo (província do Huambo) onde morreram, pelo menos, cinco pessoas e várias ficaram feridas.