Lukashenko: "Temos de falar com a Ucrânia sem pré-condições"
6 de julho de 2023"Hoje, temos de voltar a pensar. Há um pacote de negociações sobre a mesa. Um pacote de temas que podem ser objeto de um acordo. Amanhã vai ser impossível", disse o chefe de Estado bielorrusso numa conferência de imprensa com jornalistas estrangeiros e da Bielorrússia.
"Hoje temos de falar com a Ucrânia e alcançar algum tipo de acordo de paz", disse, sem especificar datas e propostas concretas.
Zelensky "percebeu que não vai ganhar"
Lukashenko, que organizou três rondas negociais em território bielorrusso em finais de fevereiro e março de 2022 disse que o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, "finalmente, já se apercebeu que não vai ganhar" a guerra e que a "contra ofensiva não vai conseguir outro resultado" a não ser a morte de "milhares e milhares de pessoas".
O chefe de Estado aliado da Rússia considerou que os combates vão intensificar-se na Ucrânia porque o país ainda tem reservas estratégicas consideráveis, além de querer "demonstrar qualquer coisa" no dia 11 de julho, a data do início da Cimeira da NATO em Vilnius.
"Temos de parar. Já fizemos muitas coisas más. Mas podia ser pior. Por isso, temos de parar agora e sentar-nos à mesa das negociações. Sem condições prévias. Temos de decidir tudo à mesa das negociações", frisou.
Kiev não encara a Bielorrússia como país mediador porque Lukashenko é um estreito aliado do Presidente russo, Vladimir Putin, tendo oferecido o território no início da última invasão para que as tropas russas pudessem penetrar no norte da Ucrânia.
Mercenários da Wagner na Bielorrússia
Lukashenko disse hoje que a futura presença dos mercenários do grupo Wagner na Bielorrússia não vai ser aproveitada para projetar um novo ataque contra a Ucrânia.
"Nunca atacamos ninguém. Já o afirmei mais do que uma vez e não vamos atacar. Ninguém vai atacar ninguém a partir do nosso território. O grupo Wagner, tal como o Exército da Bielorrússia vão proteger os nossos interesses", disse Lukashenko.
Segundo Lukashenko, o Presidente russo, Vladimir Putin, não vai "esmagar" o líder da empresa, o oligarca Yevgueny Prigozhyn, apesar de ter sido considerado "traidor" no passado dia 24 de junho na sequência da rebelião contra o Kremlin.
"É preciso perceber que Putin conhece Prigozhin muito melhor que eu. Eu só o vi em alguns eventos enquanto que o Putin o conhece desde os tempos em que ambos viviam e trabalhavam juntos em São Petersburgo", disse o Lukashenko acrescentando que "tinham uma relação muito boa".
Lukashenko disse que o líder do Grupo Wagner está neste momento em São Petersburgo, na Rússia, e que na quarta-feira à tarde contactou com Prigozhin pelo telefone.