Lula na China para expandir influência do Brasil no mundo
12 de abril de 2023Pouco mais de três meses após o início do seu terceiro mandato presidencial, Lula da Silva realiza a sua terceira grande viagem ao estrangeiro, tendo anteriormente visitado a Argentina, em janeiro, e os Estados Unidos, em fevereiro.
Com uma delegação de 300 pessoas, Lula chega à China esta quarta-feira (12.04) com uma agenda ambiciosa que prevê assinatura de cerca de 20 acordos de cooperação entre o Brasil e a China em diferentes áreas.
Um destes acordos vai permitir a realização de transações comerciais entre os dois países em reais e yuan, em vez de dólares. Lula da Silva e Xi Jinping, o Presidente chinês, deverão encontrar-se na sexta-feira (14.04).
Tanto a China como o Brasil atribuem "grande importância" a esta visita de Estado de Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim, disse na terça-feira (11.04) o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Wang Wenbin.
"A China está disposta a trabalhar com o Brasil para aproveitar esta visita como uma oportunidade para promover a atualização da cooperação mutuamente benéfica e amigável entre os dois países em vários domínios, e para injetar mais energia positiva para promover a solidariedade e cooperação entre os países em desenvolvimento e para enfrentar conjuntamente os desafios globais", destacou.
"O Brasil voltou"
Especialistas consideram que a viagem do Presidente brasileiro à China, com uma comitiva sem precedentes, pretende projetar o país como ator internacional.
Juscelino Filho, ministro das Comunicações, que integra a comitiva, concorda que Lula quer expandir a influência do Brasil no mundo: "O Brasil está de volta ao mundo da diplomacia, das relações internacionais e o Presidente, desde o primeiro momento tem retomado isso."
"Não tenho dúvida que esta missão à China é um passo importante para essa retomada de construções, que sejam boas para ambos os países", sublinha o ministro.
No balanço dos cem dias de governação, Lula da Silva disse que o Brasil voltou a recuperar o seu papel na geopolítica, mas também a nível interno: "O Brasil voltou. O Brasil voltará ser referência mundial de sustentabilidade e enfrentamento das mudanças climáticas. O Brasil voltou a ter futuro e isso é apenas o começo."
Maior parceiro comercial
A China é, desde 2009, o maior parceiro comercial do Brasil. O comércio bilateral entre os dois países atingiu um recorde de mais de 150 mil milhões de dólares em 2022. Além disso, as empresas chinesas têm projetos em 23 dos 26 estados brasileiros, que abrangem setores como mineração, agricultura, indústria, telecomunicações, finanças e medicina.
A viagem à China chega pouco mais de dois meses depois de Lula se ter encontrado com o Presidente dos EUA, Joe Biden, na Casa Branca, uma vez que Brasília visa uma política externa pragmática que equilibre os laços com os seus principais parceiros comerciais, apesar das crescentes tensões entre a China e os Estados Unidos.
O conflito na Ucrânia é um dos temas que o Presidente do Brasil deverá discutir com o homologo chinês na sexta-feira. No entanto, o seu balanço diplomático foi atingido no ano passado quando ficou sob fogo por afirmar que o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, era "tão responsável" pela guerra como o seu homólogo russo, Vladimir Putin. Lula recusou-se também a juntar-se às nações ocidentais no envio de armas para a Ucrânia para ajudar na defesa.
O programa oficial anunciado pelo Governo brasileiro também prevê uma visita a Xangai, capital económica da China, onde a ex-vice-presidente Dilma Rousseff, que governou o Brasil de 2011 a 2016, assumirá a gestão do Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) dos BRICS.